Caído
No chão da vida me encontro, Remoendo todos os meus feitos, Soterrado em meio aos escombros, Desse mundo de seres imperfeitos; Dos amores que tive, que vivi, Das sementes que na vida plantei, Lindos frutos em filhas colhi, Muitos sonhos com lágrimas teguei; E o tempo menino apressado, Todo afoito a seguir o caminho, Devorou quinze anos calcados, A pés descalço com afeto e carinho; Fiz história, estorias contei, Eu rezei, eu cantei a pregar, Em aprender muito me empenhei, Para poder melhor servir e amar; Me fiz servo, amigo e irmão, Me fiz ombro, coração e ouvidos Me doei, ofertei minhas mãos, Acolhendo o que tinha caído; Me fiz punho, me fiz braço e voz, Fui à luta e simplesmente lutei, Pouco a pouco fui deixado a sós, Justamente por quem eu lutei; Ressequido, sufocado e perdido, Vi raiar o louco sol da paixão, Que voraz devorou -me o juizo Destruindo o meu fio da razão; E nos olhos da mais bela flor, Pelo amor fui então encontrado, Sem tocá-