SANGRANDO VERSOS
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Meu desespero é o tempero que dá
gosto a minha esperança
E o exagero é companheiro roto na
desventurança
Minh’alma nua pelas ruas busca
por bonança
Num corpo louco templo dessa
desmedida dor
E na penumbra opaca de cada olhar
apagado
Me reconheço ao avesso do que sonho
ser
Matérias mortas animadas em
corpos sem vida
Meros banquetes do meu eu
carnívoro devorador
Que segue a esmo sempre a perecer
A conta gotas a cada gota de gozo
a verter sofrida
Corpos talhados na madeira carne
São só mulheres na vida de
escárnio
Que a moral refuta para a
marginália
E tradição condena para
escondê-las
Mas aos meus olhos como aos
demais
É tão fugaz seduz é tão bom
vê-las
Deseja-las, possuí-las doce
proibido
Escravizadas por seus sonhos
loucos
Por suas ânsias e nossa libido
São condenadas por que são
espelhos
A refletir nossas contradições
Desafiando a débil moral e
contestando rudes tradições
Damas da vidas as mais diversas
vidas
Insuflam vidas em tão pobres vidas
Que de tão pobres mas que elas
são
Madeira carne nessa travessia
Imaculadas no seu exercício de
sempre servir
A si a ti a mim entre lágrimas e
o desejo de sorrir
E ao sabê-las sei bem mais de mim.
E ao sabê-las sei bem mais de mim.
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