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O Molequinho da Garrafa

Era lá pras beiras de Mato Seco, sim naquelas beiradas é que se deu o caso que todo mundo conhece e sabe de cor. Não os mais moços, pois estes de nada sabem, estão ainda principiando sua caminhada e mesmo achando que sabem de tudo, muita coisas se lhes escapam, coisas muitas vezes não ditas e nem escritas, mas vivas e eternizadas nas memórias e que só saltam ao ouvidos de quem se propõe ouvir, nas horas de conversas e rememorar. Quando a caixa da memória se abre o as mãos do pensamento adentra o escuro da mente e faz sair as lembranças, refazendo uma infinidade de coisas que ninguém jamais viu ou imaginou, ou melhor que poucos viram, ouviram, sonharam, testemunharam e guardaram no silêncio profundo da memória, terra onde nada se perde e tudo permanece para sempre e que vem a luz do conhecimento coletivo cada vez que seus detentores se dispõem a lembrar e a narrar. Esse caso é mais um de tantos que ouvi nas rodas de prosas e causos da boca de Tio Filipe. Ele homem de oitenta e trê

BELPHEGOR DO ARCAICO A TEMPO PRESENTE

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Google Imagens A velha desdentada e suja arrasta-se com dificuldade pelas ruelas fétidas daquele lugar. O silêncio domina a noite fria e somente ora ou outra algum gemido distante perturba o ambiente, concorrendo com o ecoar de esparsas e longínquas vozes a tilintar pela penumbrada cidadela de Moabe. Em sua cabeça uma voz insistente ecoa em um refrão ininterrupto. ... Joene, Joene, Joene... Ela se ri e meneia a cabeça num bailado esquisito. Um clarão se faz e lá está ela, jovem e bela a bailar em um longo e branco vertido de seda. Uma seda tão fina, que só os Assírios sabiam produzir com tamanha alvura. O sangue do sacrifício derrama-se no altar de Belphegor e ela se rejubila ao som das cítaras e das harpas que entoam cantos e levam a assembleia ébria e possessa a adorar o deus dos moabitas num grande festim, de invejável idolatria. Joene é a bela moabita responsável pelo festim. Joene está em festa a Belphegor, pedindo uma resposta, uma estratégia para seduzi

OS VERSOS QUE FIZ PRA VOCÊ

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Google Imagens Quando te vi me lembro, tremi... Não foi medo, não foi desconforto. Foi o tremor de quando duas forças se encontram, assim foi quando te vi pela primeira vez. Seu jeito imprimiu em mim a sua imagem. Seu rosto de fortes traços, seu semblante belo e feminino, mas de uma inquebrantável força e vivacidade, causou-me certo desconforto, mas não podia evitar-te... Seu corpo marcado pela maternidade não perdera o encanto, exibia-se em um belo traje vermelho que ressaltava sua sensualidade e volúpia conferindo-lhe certo ar de deidade. Prostrei-me como convém ao mortal ante uma divindade. Sofri ao deixar-te! Partistes incólume em sua magnifica e sublime postura avassaladora... Os dias trouxe-te de volta e apressou se em nos aproximar, juntar nos num mesmo labor. Que nos fez estranhamente íntimos distantemente próximos maravilhosamente cumplices e convergentes... Assim rendi-me, apaixonei-me e perdi o zelo estanque numa rua de chão qualquer... Falamos de nós..

Onomatopéias de Amor

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Google imagens Quando te vejo suspiro fundo Num beijo piro vou ao céu Seus olhos são meu sol meu meu mundo Você é doce mais doce que o mel Nem bem te vi Tum tum bateu meu coração Ai bem te vi me apaixonei Pum Pum explodiu a paixão Plac ti plum plá nós dois sobre os lençois Plac ti plum plá corpos suados amantes sem voz Tic tac o tempo pára longe de você Trim trim ligo mil vezes querendo de ver Fom fom eu piso fundo pra te encontrar Stric strech é o atríto do nosso abraçar Slipt slipt bocas e línguas bailando ao céu Smacks smacks você e eu apaixonados loucos a beijar.

Só Hoje

Não espero o paraiso Nem a perfeição Mas, menos rasura e egoismo Menos idiotice e corrupção Menos desumanidade e covardia Só um pouco menos... Para poder olhar nos olhos do outro e tentar reconhecer-me no reflexo do seu olhar, antes que eu o destrua por refletir-me. Mas é muita poesia para a realidade  A vida é dura e canibal, só come outras vidas E assim...  Seguimos até que de algozes não tenhamos outra alternativa senão sermos a vitima! Preciosos dias aqueles que viviamos singeleza e igenuidade pueril! Talvez aí esteja todas as respostas para as nossas buscas!  Mas a vida nos empurra na direção contrária Não há tempo para filosofar na laicidade e simplicidade da contemplação como faziamos... A ordem é em outro sentido e em outra direção Até para filosofar você precisa de autorização Não importa o que você sente e pensa... Importa como você entende e explica o que os filosofos credênciados deixaram nos...

Leituras da Infância

Pensando com Ecléa Google imagens    "Não se lê duas vezes o mesmo livro, isto é, não se relê da mesma maneira um livro. O conjunto de nossas ideias atuais, principalmente sobre a sociedade, nos impediria de recuperar exatamente as impressões e os sentimentos experimentados a primeira vez, (Bosi, Ecléa. Lembranças de Velhos. pp.23)." Eis por que nunca reli, “Meu Pé de Laranja Lima” ! Toda vez que penso neste livro de José Mauro de Vasconcellos, cuja leitura fiz aos oito anos na segunda série primária, no afã da descoberta maravilhante da leitura, reconheço sua importância para minha caminhada de leitor, pois ainda hoje ele figura como a leitura mais incrível que já fiz na vida. Já havia pensado varias vezes em relê-lo, mas por inúmeros motivos desisti. Mas o mais insistente dos motivos, sempre foi o medo, medo de desfigurar em mim o fascínio que guardo da primeira leitura, essa experiência deliciosa e intraduzível. Agora caminhando pelas “Lembranças de Velh