tag:blogger.com,1999:blog-75149679801875696112024-03-19T00:20:49.685-03:00Telespoética - Kiko di FariaJoaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.comBlogger73125tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-84398845706514908812021-04-29T18:09:00.005-03:002021-04-29T19:32:43.829-03:00<p><br /></p><p><b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">HAIMBAUNT</span></b></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcWIDW2E-8IYXMobbK-7LcmYknSah1C51EMk_dDShNR70nipYIQbXV5iiTuI3IoAGC5gXjLrPz1-AOk-jxO62GcLsES1-fhttTcpre7Z_qhMacmwvYr8DCviNw5JcnFb2mQUvAC_4MUJw/s700/Cidad%25C3%25A3o+C%25C3%25B3smico.gif" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="500" height="207" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcWIDW2E-8IYXMobbK-7LcmYknSah1C51EMk_dDShNR70nipYIQbXV5iiTuI3IoAGC5gXjLrPz1-AOk-jxO62GcLsES1-fhttTcpre7Z_qhMacmwvYr8DCviNw5JcnFb2mQUvAC_4MUJw/w333-h207/Cidad%25C3%25A3o+C%25C3%25B3smico.gif" width="333" /></a></div><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p>Imagem coletada no banco de Imagens do Google. </p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A Procura<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ao longo de seu breve
existir ele caminhou por entre os homens, em grande solidão e quietude,
veiculando-se com modéstia e introspecção. Agia com naturalidade, herdeiro das
tradições dos homens e filho da humanidade, em tudo era humano, contudo, algo o
chamava a ser diferente, algo o chamava a ir além e esse chamado acabava por
dar-lhe um matiz diferente da dos demais homens, dos quais era coevo. Ele
procurava e havia aquela voz que o chamava. Era uma voz cotidianamente assonora
e quando dormia, essa voz lá estava, sempre sem som, apenas uma voz intuída que,
lhe dizia muitas coisas. As coisas que esta voz lhe dizia, eram quase sempre
inefáveis, incognoscíveis, produziam nele um sentido, sustentavam nele a sua
busca, mas estavam além de sua capacidade de cognição, sendo indecifráveis ao
intelecto, muito embora, misteriosamente se amalgamassem em sua débil razão,
produzindo lhe sentidos e mantendo-o em continua busca. Assim ele viveu a
procura, desde a infância, até a metade de sua quarta década de existência terrena.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O Encontro</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O mundo vivenciava, mais
uma pandemia e recluso em seu pequeno pedaço de chão em contato com a natureza
e com a terra, cultivando o solo e se encontrando com a mística da natureza,
ele sentiu que encontrava uma resposta. Não era uma resposta integral e tão
pouco, uma resposta definitiva, mas era uma resposta a algumas das inúmeras
perguntas que ele já havia feito, ao longo de seu caminho. A resposta lhe vinha
como uma imagem indescritível, como um enigma claro que se traduzia a ele sem
palavras e numa linguagem que a pobre linguagem dos homens não dava conta de
abarcar e traduzir. Essa resposta imagética que, endereçada a ele, não podia
ser a outro transmitida, sendo irrepetível, intraduzível, cognoscível tão
somente ao seu eu profundo, que de tão profundo, mesmo ele o ignorava e
desconhecia, muito embora, o sentisse sem saber o que era. Essa resposta estava
mais próxima da plenipotência do que da eloquência. Ela não visava atribuir um
sentido unilateral e definitivo, mas como o arquétipo junguiano, era um figura
plenipotente que, a cada vez que era revisitada, comunicava uma nova verdade,
um novo sentido, uma nova resposta. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Atônito e profundamente
impactado, sem poder falar sobre o que recebia, em vão ele buscou no intelecto,
nos livros e nas ciências uma maneira de trazer ao lugar comum da linguagem
humana, aquela imagem plenipotente e suas respostas. Não conseguindo reduzir o
irreduzível, decodificar o incognoscível ele decidiu simplesmente aceitar a
resposta e deixá-la amalgamar-se em seu ser e produzir o que ela precisava produzir.
Nesse labor ele permaneceu por um ciclo anual inteiro. A praga que assolava o
mundo derrubava as mascaras dos homens e os desnudavam em público, revelando
suas chagas e suas deformidades físicas, morais, éticas emocionais e
espirituais. Ensandecidos e despudorados eram muito dos seres daquele tempo. A
sandice dos homens revelava a si e ao outro a tragédia humana, que conduziu o
mundo humano ao mais profundo abismo, ao mais terrível inferno. Miríades de
mortos não foram suficientes para despertas os homens de sua loucura. Um
profundo abismo tragava a sociedade humana, arrastando os homens para
enfrentarem a si mesmos, defrontando-se com o horror que fizeram de si mesmos.
Ele porém, de algum modo foi desperto para um caminho equidistante desse fado
humano, embora dele participando. No entanto participando de um outro percurso,
que lhe abria uma outra perspectiva com novas possibilidades. Teria sido a sua
companheira de viagem, a voz assonora que lhe preparara esse caminho? Longe de
poder obter uma resposta ele se questionava, tomando consciência de que ele não
era o único no mundo a vivenciar tal realidade. Muitos outros seguindo sua
própria experiencia, também escapavam a esse horror no qual o homem civilizado
sucumbira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Indícios e Sinais</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ao longo de suas quatro
décadas e meia de jornada material, ele perambulou por muitos caminhos,
encontrou muitos ensinamentos, bebeu de muitas fontes. Estas fontes
saciavam-lhe a sede por algum tempo, porém, não o saciava em definitivo. Assim,
ele ouviu falar de um mestre galileu que teria deixado grande sabedoria como
herança aos homens, há mais de dois milênios. Ele buscou aurir os ensinamentos
deste mestre e se identificou profundamente com seus postulados, no entanto, os
homens que se apropriaram dos ensinamentos do mestre galileu, os desfiguraram
de tal maneira que, os tornaram quase irreconhecíveis, e aqueles que tinham
como finalidade libertar o homem, foram convertidos pelo próprio homem, em
instrumento de encarceramento e escravidão. As sábias e vivificantes palavras
que compunham a mensagem do mestre galileu foram dispersas em miríades de
outras palavras, separadas umas das outras, editadas e reeditadas,
sinonimizadas e camufladas até se tornarem quase inválidas, dissolvidas na
multidão imensurável das palavras dos próprios homens, a comporem compêndios e
mais compêndios que serviam apenas para lustrarem o raso e opaco intelecto
humano. As palavras do mestre galileu eram plenipotentes dede sempre e assim,
continuam a ser, o que mudou foi que, juntá-las e recriar o caminho que elas
estabelecem com seu poder, tornou-se uma missão quase impossível, um desafio
somente possível aos mais determinados e contando com a ajuda de forças
extrafísicas, forças que transcendem o domínio do mundo físico a lhes orientar
a busca e a recomposição do discurso libertador do divino mestre da Galileia.
Perlustrando essa via sacra individual, ele seguiu seu caminho, as vezes por si
só, as vezes levado, conduzido por forças que ele não sabiam definir quais
eram. Por entre indícios e sinais que lhes eram mostrados, ele ia aglutinando
as palavras do mestre galileu ao passo que as encontravam ao longo do seu caminho.
Ele não era conhecedor de tais palavras por antecedência para as diferenciar
das demais, mas essas palavras santas palavras imortalizantes, elas sabem por
si, quem as buscam e assim, conectam-se a estes, por meio de uma sintonia
profunda que o mundo desconhece, é a sintonia do amor e da alma e foi assim que
paulatinamente elas se lhes foram revelando.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Um Encontro<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ao longo de sua jornada muitos encontros e
desencontros se deram, marcando-o, transformando-o, conduzindo-o até um
encontro diferente. Ele que bebera de tantas fontes, que ouvira a tantas vozes,
que andara por tantos lugares, encontrou um caminho por entre os escombros de
si e do mundo. Era uma pequena e frágil trilha, que ele seguia por longínquos
rincões e por tempos imensuráveis. Assim quer na vigília ou quer no sono ele
sempre seguia essa trilha, pois ela lhe trazia algum sentido maior do que os
que ele já havia encontrado antes em trilhas outras, era esse caminho para ele,
o caminho da transcendência. Transcender é ir além do domínio do físico-material,
mas por todos os lugares por onde passava, tudo era profunda e
irremediavelmente material, mesmo quando vestia aparência de
transcendentalidade. Assim, após longa jornada no denso mundo material,
tropeçando em suas ilusões e armadilhas, que são engodos para aprisionarem os
incautos, ele então ouviu mais uma vez, aquela voz assonora a lhe sugerir algo
que ele já havia considerado, mas considerado como uma ilusão, um devaneio bobo
e descabido. Dizia-lhe a voz: — Porque buscas fora, o que fora não pode ser
encontrado? Essa fala é apenas uma questão e retrata o que ele apreendeu de
tudo quanto lhe disse a voz. Com esse questionamento ele foi constatando que,
quanto mais seguia a trilha do transcendente, fora no mundo material e de suas
coisas, mais ele se tornava árido, mesquinho e igual a todos os homens
condenados neste vale de lágrima que a humanidade forjou para si, com suas próprias
mãos e com seus próprios esforços. Então ocorreu-lhe como um <i>insight</i>,
uma intuição, que ele deveria parar de andar na contra mão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ele refletiu
demoradamente sobre essa sacada intuitiva e conclui que, buscando fora ele ia
cada vez mais longe, sem jamais poder encontrar o que buscava, pois qualquer
chance de encontrar o que buscava, seja lá o que fosse que buscava, deveria
doravante buscar na direção contrária, pois o objeto dessa busca encontrar-se-ia
oculto no sentido contrário ao que percorrera até aquele momento. Uma certeza
inquebrantável lhe tomou por inteiro e ele reposicionou-se no caminho e começou
a fazer o caminho inverso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ao invés de projetar-se
no mundo à procura, ele retirava-se do mundo à procura e depois de muito
caminhar nessa direção encontrou-se surpreso diante de si mesmo. Todo o caminho
que havia percorrido por longos anos, principiara em si mesmo, assim, ele
compreendeu que seguir adiante na contramão do mundo material, seria adentrar
em si mesmo, e desbravar as profundezas de si. Ele hesitou, temeu, ficou
confuso, duvidou... E assim, perambulou pela periferia de seu ser até que
movido por algum impulso desconhecido, um vento novo que soprara
intrepidamente, ele tomou coragem e sem muita convicção adentrou em si pela
primeira vez com a sua consciência a buscar sentidos e compreensão do que era
ele por dentro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Nunca mais ele deixou
esse caminho, dentro em si ele foi encontrando coisas novas, que ali sempre
estiveram e por isso já não eram tão novas como ele julgava, e essas
descobertas de si mesmo o iam transformando e saciando-o como nada no mundo
material havia sido capaz de saciar. Nesse percurso porém, havia um agravante,
dentro em si ele encontrava-se com muitas coisas das quais fugira e enfrentar
tais coisas lhe trazia grande dor, que somando-se as dores do mundo material,
do qual ele evadira-se em certo sentido, quando adentrou em si, mas do qual não
poderia sair em definitivo, enquanto vestisse um corpo material, assim da soma
dessas duas dimensões surgiam lhe os monstros mais vorazes e medonhos e as
alucinações mais duradouras e convincentes que ele jamais poderia ter
imaginado. Ele sabia de alguma maneira que, não conseguiria fazer essa
travessia sozinho e assim, buscou nas palavras do mestre da Galileia, as poucas
que havia conseguido reunir, a força necessária para prosseguir. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ao passo que avançava em
si mesmo transformava-se seu aspecto material, sua vida, seu mundo, suas
relações, seus desejos, suas prioridades e ele ia encontrando no mundo, outros
que faziam também sua jornada interior e estabelecia com estes sempre que
possível fosse, um intercâmbio. Das muitas trocas e dos muitos encontros ia se
clarificando sua jornada interior, e muito embora encontrasse pessoas incríveis
nesse percurso, ele compreendia que era ele um universo singular e que dentro
em si a jornada era solitária e não haveria outra maneira de a fazer, senão
sozinho. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ele percorreu os
calabouços do seu interior, achou-se e perdeu-se pelos labirintos de seu mundo
interior e compreendeu assim, que ele não poderia achar a si mesmo sem ajuda de
outro. Essa ajuda já vinha em certa medida de pessoas que dividiam com ele a
jornada no mundo material, mas ele sentia e de algum modo intuitivo sabia que,
ele precisava de ajuda transcendental. E foi assim, nessa busca de ajuda
transcendental que ele entendeu o sentido do orar e vigiar ensinado pelo mestre
da Galileia e passou a se utilizar desse recurso. A constante conexão e súplica
que é o orar e vigiar, acabou por fim, após longos anos de perseverança nessa
lide, por estabelecer alguma conexão com alguma força transcendente e novas
luzes lhe chegavam do mundo imaterial. Eram mensagens e ensinamentos que lhe
vinham de dentro, em forma de intuições, angústias, percepções, sonhos, etc. E
traduzindo os dentro do possível para a linguagem humana, encontrava ele alento
para continuar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Nas leituras ele
descobriu a meditação, ensinamento que já está no mundo material a mais de sete
milênios, mas que desvirtuado de sua originalidade e integralidade tal qual as
palavras do mestre da Galileia, tornara-se inócuo e servo dos caprichos dos
homens e suas doutrinas escravizantes. A meditação, no entanto, é uma outra
forma com a qual fora ensinado o mesmo caminho que ensinara o mestre da Galileia
com o orar e vigiar. O que esses dois caminhos ensinam, é o mergulhar
silencioso em si. Mergulho atento e desvelado, em busca de uma dimensão de si,
que dorme nas profundezas do ser. Assim, após, longuíssimo percurso de leituras
e buscas, questionamentos e auto-observação, ele conseguiu uma síntese que
reunia grande poder, pois unia muitas das palavras do mestre da Galileia e de
outros mestres de outros tempos, que cumprindo o mesmo caminho que ele
intentava para si, venceram os grilhões do mundo material e transcenderam
descerrando o véu que vela o individuo humano na dimensão material, o exilando
do mundo imaterial transcendente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Descobrindo a trilha do
homem cósmico, foi ele se distanciado do homem místico, pois para ser um homem
místico já havia ele sido obrigado a despir-se do homem profano. O homem
profano é o homem que está satisfeito consigo mesmo e com o mundo material e
seus caminhos ilusórios. Este está na base da jornada humana e mais próximo da
animalidade do que qualquer um dos outros. O homem místico, está a meio
caminho, sente a transcendência, mas nega o mundo material e dele foge, negando
sua condição de ser material e portanto, não estando tão próximo da
animalidade, também não está tão próximo da transcendência como imagina. O
homem cósmico rompeu o véu que o exilava da transcendência e em plena jornada
transcendental redime o mundo material que está todo presente em sua
individualidade como um microcosmo, e encontra assim o equilíbrio entre o
material e o transcendental estando nas duas realidades simultaneamente,
sabendo que uma, a material é transitória, e a outra, a transcendente é perene.
Esse homem cósmico está mais perto do divino do que do animal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O Grande Encontro<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Certo dia, ele concluiu uma leitura que muito
o animou e vivificou, ele lera os ensinamentos de Brahma, e das páginas do
grande gita, ele tirou ensinamentos que se amainaram aos ensinamentos do grande
mestre da Galileia. Compreendeu ele que embora separados por cinco milênios,
tanto o gita, quanto a boa nova do mestre da Galileia eram o caminho, a
mensagem que liberta o homem do seu cárcere e lhe descerra as portas do
transcendente. Entendeu ele que as palavras tem o poder de guia-lo nesse escuro
e apavorante mundo interior, mas que não há receita, todas as receitas são
falsas, são ilusões e para nada servem. Todos os ritos, todas religiões são
cadeias, que os homens forjam para escaparem a inexorável necessidade de
avançarem rumo ao transcendente e se integralizarem na plenitude do divino. Aprendeu
ele que, o caminho é individual e intrasferível, mesmo o grande mestre da Galileia
que é em si o caminho, a verdade e a vida, o modelo pleno de comunhão com o
divino, mesmo ele, fez sua jornada sozinho, solitário, não obstante todo o seu
poder, todas as poderosas palavras que suas lições legaram ao homem. A grande
maioria, não consegue seguir adiante no seu caminho e ele não pode violar a
individualidade de cada um obrigando-os a segui-lo, assim, ele como ser
plenamente transcendente, após cumprir sozinho sua jornada, apenas espera que
suas palavras possam ser encontradas por cada homem e despertar e nele o desejo
de transcender. Quando o individuo encontra as palavras de poder do mestre da
Galileia e decide seguir transcendendo rumo ao divino então pelo meditar, pelo
orar e vigiar ele emana seu pedido de ajuda e o divino inscrito nele conecta-se
ao divino fora dele e o mestre da Galileia, pode então guiá-lo em sua jornada
para a eternidade do divino. Foi esse despertar que ele encontrou dentro em si,
e vencendo os dogmas esterilizantes dos ritos e credos materialistas do mundo
externo, ele passou a procurar as palavras de poder e reuni-las para conseguir
avançar em si e assim estabelecer contanto com o seu eu divino adormecido nas
profundidades do seu ser. Demorou-se ele por tempo imensurável nesse trabalhoso
caminho, até que um dia, ele sem consciência do que se dava, aproximou-se de
uma pequena fagulha de luz intensa e inexorável, era o seu eu divino oculto e
adormecido em seu próprio ser.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O Caminho<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Esse caminho é apenas um
testemunho. Ele não é e não pode ser de modo algum, uma receita, uma prescrição
para outros, pois é irremediavelmente o caminho dele. Ao testemunhar, não se
propõe ele ser seguido, imitado, discriminado nem para a direita nem para a
esquerda, ele testemunha, apenas para que outros também queiram experimentar o
transcendente e buscar o próprio caminho dentro em si. Esse é o caminho dele,
apenas uma mostra de que ele tem caminhado em si e feito algumas descobertas de
si, avançando em direção ao transcendente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Naquela noite ele
despertou, despertou chamado por aquela voz assonora para meditar na solidão da
noite, para se colocar em estado de orar e vigiar silenciosamente olhando para si
a procura de si. O que ele buscava nesse caminho de milhares de voltas e
calabouços no seu interior, o levava a se defrontar consigo mesmo, em miríades
de versões de si. Ele encontrava-se com seus monstros a cada novo avanço nesse
caminho interior e só podia avançar mais ao passo que enfrentava seus demônios
(monstros) interiores e os aceitava assimilando-os conscientemente com gratidão
e reverência por serem o que são e fazerem parte do que ele é.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ele naquela noite
acordou, o silêncio sideral cantava em tom elevando a seus ouvidos, como um
chiado harmonioso e estridente. Ao passo que se concentrava, o silêncios
sideral sedia lugar as vozes do seu interior e acredite o vozerio crescia de
tal modo que tornava-se uma algazarra insuportável, somente com muita luta
conseguia ele alguns instantes de silêncio, mas nada perene, eram efêmeros
instantes, no entanto, eram esses instantes suficientes para avançar na
concepção de si, no desnudar do seu eu transcendente, no despertar do seu eu
divino. A luta se arrastou por horas extenuantes e que geravam dor física ao
seu veículo material. Após longo tempo de luta, aquela já familiar voz assonora
lhe deu a seguinte orientação. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>— Se
queres avançar, desperte o terceiro olho, abra a terceira visão. Ela fica entre
os dois olhos, na altura das sobrancelhas. Foque aí sua atenção e siga em
silêncio. O que significava: siga em luta, pois silenciar a algazarra interior
é uma luta extenuante. Obstinado ele obedeceu e passou a procurar o terceiro
olho, na geografia do corpo tal qual lhe indicara aquela voz. Ele se demorou
nesse afã e dores oculares lhe adivinham de todos os ângulos dos olhos,
dificultando a continuidade do trabalho, seus olhos materiais pareciam lutar
para impedi-lo de despertar o terceiro olho e acionar a terceira visão. Ora,
todo ser humano com alguma noção de si, mesmo materialmente, sabe que ele
possui, um olho direito e um olho esquerdo o que lhe dá então uma visão
direita, e uma visão esquerda. O terceiro olho, no entanto, não é de fato em
sentido literal um olho a mais que desabrocharia na face do indivíduo, não, o
terceiro olho é um ponto localizado entre os dois glóbulos oculares, e, é um
ponto extremamente sutil, etéreo, por isso jaz escondido no ser e por isso
oculto e tão difícil de ser encontrado. Esse terceiro olho, é mais
transcendente do que material, e localiza-se a altura das sobrancelhas entre os
dois olhos materiais. Não sendo um terceiro olho material e sendo um caminho
etéreo de transcendência, é esse terceiro olho um caminho de acesso ao eu
profundo, ao eu divino, escondido nas profundezas do ser. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Uma vez vencida a
resistência do corpo que protege o terceiro olho com desconcentração e dores,
para impedir assim, o seu acesso, o ser avança em si, por um caminho que está
paralelo ao seu labirinto interior por onde normalmente todos os homens
perambulam em busca de si, mas que só encontra nesse labirinto seus demônios,
versões arcaicas de si, arquivadas dentro em si, nesse seu eu labiríntico. O eu
divino porém, só é possível de ser acessado, despertado, pelo caminho oculto da
terceira visão, do terceiro olho. Agora vejam bem, quão difícil é o caminho do
autoconhecimento. Mesmo no interior de si, o homem guarda segredos de si, de
modo que somente com muito esforço, com muita luta interior, com muito trabalho,
o trabalho do autoconhecimento, é que se vai aos poucos revelando o individuo a
si mesmo. E após a revelação, ainda vem outras dimensões de defesa que o
ambiente interno apresenta. Após tornar-se consciente de si, vêm a dúvida, o
medo e a rejeição, três dimensões do mecanismo de defesa acima aludido. É então
desafiado o indivíduo a se auto aceitar. Somente após se auto aceitar, ele
poderá então apoderar-se de si e mudar e avançar um pouco mais na descoberta de
si mesmo. É Por causa desse mecanismo que a grande maioria dos seres humanos,
se conformam com o mundo material, realidade onde se pode transferir aos outros,
as responsabilidades de suas dores e feitos e assim esquivar-se ainda que
ilusoriamente de enfrentar-se a si mesmo. Essa fuga só é possível evadindo-se
para o mundo material externo, no mundo interior, no universo subjetivo, a luta
é encarniçada, dolorosa e constante e não há como declinar dela. No campo
interno, a luta se delonga até que se vença os mecanismos de defesa e se aceite,
conforme se verifica. Somente após esse passo, abre-se ao indivíduo, a
possibilidade de mudar e mudar é movimentar-se e ao se movimentar-se ele
avança. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Em meio a grande luta
consigo mesmo, em seu mundo interior naquela noite, ele sentiu grandes dores,
seus olhos lagrimejavam em profusão, como que a lamentar a descoberta dele da
existência do terceiro olho e da sua insistência em acessar e acionar a
terceira visão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ele permaneceu por tempo
imensurável nessa luta e aqui é forçoso esclarecer que, o tempo interno torna-se
diferente nesse campo de batalha, experimenta-se uma duração absurda de tempo
interiormente, quando externamente não se passou mais que algumas horas. Nessa
ambientação complexa, da sua interioridade, ele persistiu até as lágrimas e
então, um pequeno ponto luminoso repentinamente cintilou entre seus olhos. Esse
ponto luminoso movia-se harmoniosamente em sentido horário a formar uma espiral,
um vórtice parcialmente luminoso com um centro totalmente escuro. Esse vórtice
luminoso acendia e apagava-se, ao passo que a concentração se mantinha ou era
quebrada pelo barulho interno. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Em sua luta interior ele
mantinha se em prece, ora silenciosa ora em recitações de frases de poder tal
qual: Eu e o pai somos um, o reino de Deus está dentro em voz, Senhor Jesus
Cristo vinde amparar-me e me despertar o eu divino, senhor. Mas as preces
silenciosas eram mais eficientes do que as frases repetidas audivelmente e
assim, ele insistiu mais. Após algum tempo nesse esforço, o pequeno vórtice
luminoso expandiu-se e tomou todo o ambiente. Não era esse vórtice feito de
pura luz cristalina, não, era uma luz opaca, marcada de travas, que deixavam o
ambiente como que um dia nublado, ou uma noite enluarada. Quando esse vórtice
dilatou-se e abrangeu a totalidade do ambiente, a primeira e a segunda visão,
ou seja o olho direito e o olho esquerdo se conectaram no ponto central entre
as sobrancelhas e um caminho marcado pela luz penumbrosa do vórtice estendeu-se
a mostrar o percurso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O ambiente lumitrevoso
era como um oceano de plasma, ou de areia movediça sutilizada, no qual ele
naufragava e submergia, descendo por camadas e mais camadas, numa profundidade
imensurável, após longo caminho nesse mergulho, então ele alcançou a base do
crânio, um lugar tão sutil quanto o terceiro olho, mas na região do que seria a
glândula pineal. Nesse ponto, confusão mental o atormentava e procuravam
desvirtuá-lo de sua jornada, o silêncio se quedava em preces audíveis e outros
sons que o procuravam desviar desse percurso, mas ele perseverou. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Aquela voz assonora de
quando em vez orientava-o a perseverar com toda a sua resignação e ele
obedecia. Então fazendo silêncio e tentando prosseguir novamente ele se viu
tragado às profundezas do seu ser, por entre aquela massa amorfa de plasma ou
areia movediça sutil, a formar imagens poderosíssimas que, lhe lhes pareceu um
mar de imagens arquetípicas das quais falava Jung. Ele desceu, desceu, desceu,
por horas a fio e nunca parecia que ia chegar a algum lugar, então soube ele de
algum modo que ele percorrera a cadeia neural da base do cérebro, até a base do
seu tronco na região sacral. Naquele ponto ele estagnou e não conseguiu
avançar. Ali a luminosidade era mais intensa, mas havia como um tampão a lhe vedar
a passagem um grande círculo de trevas, que se assemelhava a uma enorme pedra a
vedar a entrada, de onde a luz escapava pelas suas bordas. Ele permaneceu ali,
depois exercitou o subir e o descer, indo da base do tronco, à entrada do
terceiro olho, como que num esforço para memorizar o caminho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Na certeza de que
caminhava em direção ao seu eu divino, ele adormeceu mais uma vez e na noite
seguinte novamente despertou. Dessa vez já sabendo do terceiro olho, ele
acionou a terceira visão, seus dois olhos, esquerdo e direito, se conectaram
abrindo o caminho e mais uma vez ele mergulhou em si. Chegando à entrada da grande
porta sacral, vedada pela grande pedra de trevas ele insistiu, persistiu, lutou
por tempo indescritível e por fim venceu, dissipou-se o obstáculo e ele
mergulhou naquela luminosidade poderosa a que a voz assonora lhe revelou ser o
templo de sua Kundaline, e que dali ele deveria subir e elevar a sua Kundaline
até as alturas do transcendente acima do seu chacra coronário. Ele ouviu a voz
e pôs-se a obedecer, subiu, subiu, subiu, sempre por entre aquele oceano sutil
de substâncias plasmáticas, até que alcançou um desvio a altura da bochecha
esquerda e avançando na região do chacra coronário explodiu numa grande
projeção de si no infinito divino, além de si. Nesse instante então ele
despertou de si mesmo como jamais se tinha visto, sonhado, ou percebido, ele
era plenipotente de um modo assustador, então ele ouviu aquela voz a dizer lhe
um nome: — Heimbaunt.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O Seu Nome<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O resto da noite ele
permaneceu em estado de plenitude, ora dormindo, ora acordado. Andarilhou ele,
por suas vidas e por muitas histórias que viveu. Viu faces múltiplas de si, que
experienciou até ali, mas não com a consciência, e sim com a intuição e com a
terceira visão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quando a voz assonora
proferiu Heimbaunt ele sentiu uma profunda conexão com o todo e tentou entender
com a consciência o que significava tudo aquilo, mas isso não era possível.
Somente uma consciência redimida no eu divino, em conexão com o cosmo poderia
receber uma força tão imensurável e compreendê-la, pois a consciência
irredimida é diminuta por demais, para comportar a grandeza ali visualizada. Em
face de tal constatação, somente a terceira visão e a intuição poderiam-lhe
servir e dar algum entendimento, produzindo nele algum sentido e foi assim que
ele soube que:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">a-<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Heimbaunt era uma palavra de poder
plenipotente que possuía muitos usos e aplicações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">b-<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Heimbaunt, não é um termo das línguas dos
homens, é um termo da linguagem divina e não encontra em língua nenhuma, nenhum
significante que o traduza, nenhum termo semelhante, pois esse termo designava
uma singularidade que despertou do cárcere do ego materialista e transcendeu
avançando no campo do divino pleno, por meio do cristo cósmico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">c-<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Heimbaunt, era sua designação divina, seu
nome divino. O nome do seu eu divino. Essa poderosa palavra singular, nomeia e
inaugura a sua divindade eu desperta, marca a sua chegada ao reino da divindade
por meio do cristo cósmico que lhe veio ao encontro e o guiara ao longo da sua
jornada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">d-<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Heimbaunt, era seu novo eu, pleno, integrando
o ego material redimido ao eu divino, abrindo-o plenamente ao transcendente que
ele buscara sem sossego ao longo de tantas existências.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 18pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Tudo
isso ele experimentou, tudo isso ele vivenciou, tudo isso ele testemunha, para
que outros também busquem e façam sua jornada. Não testemunha ele para ser
modelo, para ser imitado, não, ele testemunha, para dizer que chegou a um novo
ponto de profundidade de sua jornada, porém, nada sabe, apenas despertou. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 18pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Esse
percurso é fisicamente doloroso, ele está sentindo muitas dores, mas também
muita leveza. Ele sabe que não é fácil e que mesmo sabendo o caminho agora, há ainda,
muitos obstáculos ao longo da jornada, e o ego falante não descansa na sua
algazarra interior, dificultando o percurso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 18pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Heimbaunt
é nome singular, é mundo singular é ele nascendo para uma existência que não se
esgota jamais, perfazendo a eternidade do divino pleno, como ente cristíco, no
cristo logos divino, por toda a eternidade. Não se engane, porém, a pensar que
ele mudou, ele está em mutação, mas vestindo a materialidade, na densidade do
mundo sujeito aos sentidos, cabe a ele o desafio de redimir o seu mundo
material enquanto avança no seu Heimbaunt, que ainda não é pleno e de fato, mas
é anúncio e caminho, desse, ele materializado na carne, sujeito a todas as
vicissitudes que atinge os demais homens, mas que vislumbrou e experimentou
nessa venturosa experiencia a grandeza do que espera todo ser humano que
desperta. Se não perceverá, não completará sua transição, sua redenção, para
nascer Heimbaunt, tal qual se vislumbrou, ao despertar naquela noite. Eu e o
pai somos um.<o:p></o:p></span></p><br /><p></p>Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-58988106809872757862021-02-08T09:11:00.005-03:002021-02-08T12:11:17.061-03:00<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV7_uQQPlEJGkzAe8RRmf10V7FTxTP5-LCIA_QuoaVsD9D_3s3FHXgkOAUEkqbLTH1dCsOlwcnJVGjkHfk1G6N9jVQcKsksp1uhdhSw-DzoxYEEksT0LwUutFN3XiXN10QAs5pOvOoZkE/s1280/IMG-20201214-WA0010.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV7_uQQPlEJGkzAe8RRmf10V7FTxTP5-LCIA_QuoaVsD9D_3s3FHXgkOAUEkqbLTH1dCsOlwcnJVGjkHfk1G6N9jVQcKsksp1uhdhSw-DzoxYEEksT0LwUutFN3XiXN10QAs5pOvOoZkE/s320/IMG-20201214-WA0010.jpg" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><b><br /></b></p><p><b><br /></b></p><p><b>Aos amigos que nunca tive</b></p><p><br /></p><p><br /></p><p>Sonhei com um rio, pequeno, tímido e perene,</p><p>Era o Rio da minha vida.</p><p>Eu estava deitado sobre seu leito,</p><p>Metade do meu corpo, a metade inferior,</p><p>Das costas até os pés estavam dentro do rio.</p><p>A metade superior, da metade das costas até a cabeça, estava fora do rio, fora do seu leito,</p><p>A repousar em suas pedras e areias.</p><p>E estar assim era bom!</p><p><br /></p><p>Então uma voz silenciosa ecoou a me ensinar coisas...</p><p>Verdades tão eternas, marcadas por subjetivismo, que me faziam todo sentido...</p><p>Então acordei.</p><p>Lúcido e grato eu acordei!</p><p><br /></p><p>No espelho me olhei e sorri ao constatar,</p><p>Meu menino havia passado!</p><p>Aquele que eu via ali refletido, era o mesmo, porém outro.</p><p>Marcas da temporalidade decoravam-lhe: os cabelos, a fronte, o corpo e a mente,</p><p>Matizando seu modo de agir, de falar, de pensar e de sentir...</p><p><br /></p><p>Pensei no percurso e por um instante vislumbrei o caminho...</p><p>Ato a ato, passo a passo, vi coisas, senti cheiros, revi rostos, lembrei nomes e percebi algo interessante, </p><p>Não havia vazio em mim, eu estava cheio... repleto, pleno!</p><p><br /></p><p>Então passou ante meus sentidos, meus íntimos e não tão íntimos, meus iguais, os meus amigos,</p><p>Ao passo que eu os olhava, eu os reconhecia, os nomeava e eles se evaporam e desapareciam...</p><p>E assim, fui tomado por desejo desmetido, revisitando um por um, cada um dos meus amigos...</p><p>E daquela multidão, restaram ao final senão um punhado de amigos, </p><p>Um tanto tão reduzido, que cabem em uma mão! </p><p><br /></p><p>Compreendi nesse afã, algo simples e salutar, que me irá sempre consolar e orientar,</p><p>Hoje e quiçá amanhã...</p><p>Todos os que passaram por minha vida,</p><p>Todos que cruzaram minha história,</p><p>Os que amei e os que odiei,</p><p>Os que servi e os que persegui,</p><p>Os que acolhi e os que exclui... todos...</p><p>São afinal parte de mim.</p><p><br /></p><p>Vieram, chegaram, fizeram, passaram... alguns poucos, bem poucos ficaram!</p><p>Deixaram um pouco de si, levaram um pouco de mim e assim, me ajudaram,</p><p>Pois de tudo que passei, de todos que encontrei, algo ficou, que incorporei e parte de mim se tornou, fazendo me aquilo que sou!</p><p><br /></p><p>Uma leveza, uma paz, me tomaram sem razão e eu senti meu coração, </p><p>Doce e leve a bailar,</p><p>Livre de ódio e julgamentos,</p><p>Livre de medos, angústias e tormentos, transcendo a se eternizar...</p><p><br /></p><p>Assim, volvi mais uma vez meu olhar aos amigos que nunca tive,</p><p>E reverente os agradeci,</p><p>Disse lhes e digo ainda em tom afável e libertador:</p><p>Você que veio e não ficou,</p><p>Você que me deixou e partiu,</p><p>Você que me decepcionou e traiu,</p><p>Você que me feriu, magoou...</p><p>Você que se aproximou por interesse,</p><p>Você refém da conveniência,</p><p>Você maledicente sem clemência,</p><p>Você oportunista sem pudor...</p><p><br /></p><p>Você, você, você...</p><p><br /></p><p>Eu sempre lhe culpei, para me justificar,</p><p>Eu sempre me distancie, por não suportar,</p><p>Não ser visto como eu era, como eu queria ser visto...</p><p>Eu sempre dei o melhor de mim,</p><p>Ocultando o pior e dissimulando,</p><p>Negando aquilo que de fato sou!</p><p><br /></p><p>Mas você, você, você...</p><p><br /></p><p>Você tomou o que queria,</p><p>Pegou aquilo que lhe servia e se foi </p><p>A desnudar-me lentamente...</p><p>E quando enfim, nu me encontrei,</p><p>Me vi então no que me tornei,</p><p>O que eu era e o que não era, </p><p>O que eu gostava e o que eu não gostava,</p><p>O que eu aceitava e o que eu negava...</p><p><br /></p><p>Mas somente me foi possível esse caminho,</p><p>Porque não o percorri sozinho, </p><p>Cada passo do percurso,</p><p>Um de vocês se punha ao meu lado.</p><p>Ora a ofertar o ósculo, ora a vender-me por migalhas,</p><p>Ora a ofertar-me a mão, dividindo comigo o pão,</p><p>Ora a apunhalar-me traicoeriamente,</p><p>Mas sendo o que sois, simplesmente...</p><p><br /></p><p>Não fostes vós que a mim, enganastes...</p><p>Não, fui eu, sempre eu, a todo tempo, eu, eu quem me enganei! </p><p>Por ignorância, por conveniência,</p><p>Por vaidade, por demência, </p><p>Por arrogância, por tolice,</p><p>Por simplicidade ou meninice.</p><p><br /></p><p>Mas o meu menino passou...</p><p>E o ser que hoje sou, agradece a todos vós!</p><p>A cada um dos amigos que nunca tive, </p><p>Por tudo que de mim levaram e</p><p>Por me abrir, criando em mim espaço para caber mais vida,</p><p>Para caber coisas novas...</p><p><br /></p>Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-35812469709673780282021-01-03T09:53:00.006-03:002021-01-04T21:55:50.241-03:00Todos os beijos de que preciso <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizf4weXOscpTfYiDyuPvIQUonfrhhCXZCTWMqIP7OL3dgYKn-8DwD0ery8UNhKGjkgKRQavy01Io63er9NI3M764YvF9usB7OwBZN_B7erVxN7hOFXG2hbl7Flc5sSFqspENLGwIpW6T8/s360/images.jpeg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="300" height="415" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizf4weXOscpTfYiDyuPvIQUonfrhhCXZCTWMqIP7OL3dgYKn-8DwD0ery8UNhKGjkgKRQavy01Io63er9NI3M764YvF9usB7OwBZN_B7erVxN7hOFXG2hbl7Flc5sSFqspENLGwIpW6T8/w420-h415/images.jpeg" width="420" /></a></div><br /><br /><p></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p> </p><p><br /></p><p><br /></p><p>Há muitas belezas no mundo,</p><p>Resquícios do paraíso,</p><p>Corpos, pele, olhos, lábios,</p><p>Toque, cheiros e sorrisos.</p><p><br /></p><p>Há belezas joviais,</p><p>Por vezes, mesmo pueris,</p><p>Há belezas naturais, </p><p>Agressivas e gentis,</p><p>Há belezas artificiais, </p><p>Fabricadas por ardis,</p><p>Silicone, cirurgias,</p><p>Mágicas de bisturis.</p><p><br /></p><p>Há belezas que arrebatam,</p><p>E outras, leves e sutís,</p><p>Porém, dentre todas elas,</p><p>Sem equívoco ou medo eu digo,</p><p>Foste tu beleza excelsa, </p><p>Que sem afetaçães ou excessos, </p><p>Com sua devoção confessa,</p><p>E encantos desmedidos.</p><p><br /></p><p>Que venceu minhas Ilusões, </p><p>Desnudou meu coração, </p><p>E sem mais enrolações,</p><p>Ofertou-se inteira à mim,</p><p>Recebendo-me por inteiro,</p><p>Sem notar risco ou perigo,</p><p>E nesse caminho de amantes,</p><p>Somos cúmplices e praticantes,</p><p>Da arte sublime de amar...</p><p><br /></p><p>Assim, sei o que sou,</p><p>Sob a luz do teu olhar,</p><p>Que me erige todo inteiro,</p><p>Sob o toque de tuas mãos, </p><p>Tudo arde de paixão, </p><p>No seu coração brejeiro,</p><p>Eu sei bem do que preciso,</p><p>E onde é que estão, </p><p>Os beijos que necessito:</p><p>Na tua boca bonita,</p><p>No teu corpo que me excita, </p><p>Em você meu paraíso, </p><p>Razão pela qual existo.</p><p><br /></p><p>Todos os beijos que preciso,</p><p>São os beijos da tua boca,</p><p>Que já não é de uma ninfeta louca,</p><p>Nem de flor em fenecimento,</p><p>Entre a aurora e o ocaso,</p><p>És meu amor e meu caso,</p><p>Sacramento e meu pecado,</p><p>Meu vilho, meu pão, meu sal,</p><p>Meu ópio, meu bem, meu mal,</p><p>Meu remédio e meu descanso.</p><p><br /></p><p>Teus beijos, todos eles sem exceção,</p><p>São meu norte, minha direção,</p><p>Meu anseio e meu repouso,</p><p>Minha esposa, minha amada,</p><p>Minha cúmplice apaixonada,</p><p>Tu és, meu eterno gozo!</p>Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-80069069061485224482020-10-06T10:20:00.001-03:002020-10-06T16:10:40.307-03:00Equívoco de dor<p style="text-align: right;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZBybwcLkX_3ppUh4P5m-D3zp3xPFofx1JSmVHb_2azg0zkVzpa68EVk-fd11RL4hnYovyV3F7TtV8Pb5GWcr8aSfbhXUX38Z9vbXHfEy28ULsKAjxDIopbfaU2axwe5d11v0h5dBw2qw/s418/images.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="235" data-original-width="418" height="410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZBybwcLkX_3ppUh4P5m-D3zp3xPFofx1JSmVHb_2azg0zkVzpa68EVk-fd11RL4hnYovyV3F7TtV8Pb5GWcr8aSfbhXUX38Z9vbXHfEy28ULsKAjxDIopbfaU2axwe5d11v0h5dBw2qw/w726-h410/images.jpeg" width="726" /></a></div><div style="text-align: center;">imagem do banco de imagens do Google </div><i><br /></i><p></p><p style="text-align: center;"><i><b>EQUÍVOCO DE DOR</b></i></p><p style="text-align: right;"><i><br /></i></p><p style="text-align: right;"><i><br /></i></p><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><p style="text-align: right;"><i> O passado é, sem dúvida, </i></p><p style="text-align: right;"><i>fonte que não transborda em sentimentos, </i></p><p style="text-align: right;"><i>mas em evocações</i></p><div style="text-align: right;"><i>(AMPARO, 2008, p. 72).</i></div></blockquote><p style="text-align: right;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>Aos pés da fonte, de pesaroso semblante,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>A matizar-lhe a fronte, </i></p><p style="text-align: justify;"><i>Conservava-se absorto, em sofrer pujante,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>A lhe causar desgosto.</i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>Nem se dera conta, do pequeno engano,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Que o sofrer lhe impunha,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Fazendo-lhe a afronta, de tomar o oceano,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Do passado, por fonte alguma.</i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>Ignoto em trevas, em sua dor severa,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Se quer percebera,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Que quando a dor se eleva,</i><i> ao julgar se erra,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>A carne é traiçoeira.</i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>Mas as evocações, que nesse instante a mente faz,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Involuntária e insistentemente, </i></p><p style="text-align: justify;"><i>Provocadas, ininterruptamente pelos sentimentos que,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Pululam de modo tenaz o coração vivente. </i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>Fazem transbordar e tsunamis terríveis,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Esse oceano imenso, </i></p><p style="text-align: justify;"><i>Que vem a eternizar, lembranças desprezível, </i></p><p style="text-align: justify;"><i>Desejos infensos.</i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>E o que tornara-se, irremediavelmente perdido,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>De algum modo retorna,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Fazendo-se, outra vez possível: como o olhar da musa,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>O amor impossível, que do passado torna.</i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>Nesse presente infausto, de ausência plena,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Perene dor serena,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Lhe carcome inteiro, e, às bordas desse oceano,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Mar de desenganos, faz sua dor amena.</i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>Pois que, tragado pelas ondas nas lembranças naufraga</i></p><p style="text-align: justify;"><i>E assim se embriaga, de dor e saudade,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Ao evocar a amada, para sempre perdida nas horras passadas, </i></p><p style="text-align: justify;"><i>A emoção deflagra...</i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>A insurreição do amor, que pela alucinação, </i></p><p style="text-align: justify;"><i>Faz presente o passado</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Traz de volta a amada e os dias felizes, que pela mão do acaso,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Jazem no acabado.</i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i>Triunfando assim, sobre a dor e a realidade,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Vive aos pés da fonte,</i></p><p style="text-align: justify;"><i>Vive a morrer nesse eterno momento, com o pranto a lhe marcar a fronte, </i><i> </i></p><p style="text-align: justify;"><i>Na dor, no sofrimento e na pujante saudade.</i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p>Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-82051462249751173502017-05-07T10:36:00.002-03:002020-09-29T13:25:04.451-03:00Por um Mundo Com Mais Poesia<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEXb-Md8ivjYchYjY6Mz3DFZNG_fFfASJpUelvQMLV1N_kP1RoulQQcNK4qZsojkQ6hkDKQc7_opCW-jZML_t-XcsKcAKvhiOPyQG-kemDumhhhufCzBQrVnNPRq4LnjUPjfUdokOmfLM/s1600/150320141518.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEXb-Md8ivjYchYjY6Mz3DFZNG_fFfASJpUelvQMLV1N_kP1RoulQQcNK4qZsojkQ6hkDKQc7_opCW-jZML_t-XcsKcAKvhiOPyQG-kemDumhhhufCzBQrVnNPRq4LnjUPjfUdokOmfLM/w547-h410/150320141518.jpg" width="547" /></a></div>
<br />
<br />
Olho para o mundo e vejo...<br />
Vejo mais do que me mostram as mídias...<br />
Vejo a violência inclemente e amplamente dominante,<br />
O ódio, a morte e as dores reinantes,<br />
Que do rádio, das televisões, das revistas, dos jornais e das canções...<br />
Que enchem de ódios as salas, os lares, as mentes e os corações...<br />
São super produção de fatos, criando inseguranças, percepções distorcidas,<br />
Aprisionando as gentes, nos impedindo de sentir e de viver a vida...<br />
Estou farto, nem sempre o outro é um perigo iminente,<br />
Esse medo que torporiza e escraviza corpo e mente,<br />
Nem sempre o mundo é esse inferno, pintado em tempos hodiernos,<br />
A vida é muito mais do que sonhamos!<br />
É bem, bem mais do que pensamos e sabemos!<br />
Viver é muito mais que sonho!<br />
A vida é muito mais que grana, status, estética e métrica...<br />
A vida é muito mais que sangue, que medo, ódio e estatísticas,<br />
Que números adulterados e frios para conveniência da política...<br />
A rima solta desses versos é minha prece ao universo, quiçá ao seu criador,<br />
Prece por uma realidade diferente, onde se viva livremente sem a obrigação de temer, ou matar o vizinho,<br />
Fazendo do amor ao próximo, apenas um inválido mote,<br />
É essa prece um grito ao eterno em mim, para que eu faça a minha parte...<br />
Que eu tenha menos medo em mim,<br />
Que eu tenha menos medo da vida,<br />
Que eu ame e encontre no amar uma saída, sem do outro nada exigir,<br />
Simplesmente grato por ele existir e dar sentido ao meu viver,<br />
Que una razão e emoção, desligue a televisão e viva menos mediado,<br />
Por telas, led's, fones, food's,<br />
Que eu seja um pouco Robin Hood,<br />
E roube de minhas riquezas um pouco para distribuir,<br />
Diminuindo assim, minhas misérias,<br />
Pois ao dar de mim me enriqueço,<br />
E a vida me traz o que mereço aumentando a minha alegria...<br />
Que eu seja menos omisso e injusto, que eu viva o que eu prego e busco,<br />
Aos outros impor como lei,<br />
Que eu seja apenas mais um verso,<br />
Na vida-poema do universo desse Deus sempre poeta mor...<br />
Que cada um assuma a si,<br />
E dê um basta no fingir e passe a propagar o amor - ação,<br />
Pintando os dias com suas cores, enchendo o ar com sua canção-vida,<br />
Para que assim, sejamos mais humanos e encontremos uma saída,<br />
Para esse reality show de horrores, no qual fomos aprisionados,<br />
E que cremos ser real.<br />
Prece que pede para que sejamos loucos o bastante, para rompermos os limites que são tão condicionantes,<br />
Para que ousemos, ainda que por rebeldia, tentar ser um pouco mais profundos,<br />
Para que criemos nós mesmos um outro mundo nesse mundo,<br />
Para que vivamos menos violentos, menos possessivos, ególatras e ciumentos,<br />
Para que vivamos e deixemos viver, amemos e aprendamos a ser, ainda que em detrimento do ter, pois do mundo nada se leva, afinal "caixão não tem gaveta"!<br />
Redescubra o que é ser careta, simplório, porém genuíno,<br />
Liberte-se dessa prisão mental, emocional, familiar e social que faz da vida uma porcaria...<br />
Viva por um mundo diferente, por gente que saiba ser gente,<br />
Que sem medo, ama, vive e sente indo bem além do só sonhar<br />
Por um mundo com muito mais poesia,<br />
Onde saibamos a cada dia com um olhar, poetizar,<br />
Gerando um mundo com mais vida, menos morte e menos feridas...<br />
Onde ninguém seja preciso morrer ou ter que matar...<br />
Que haja um dilúvio de poesia e afogue em nós todos...<br />
Os ódios, medos, dores e violências... E que renasçamos num unipoesia de multiversos.<br />
<br />Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-57187286905703624472017-02-10T14:00:00.001-02:002017-02-10T14:31:34.841-02:00Porque Querem Me Convencer Que Eu Sou Mal<br />
Ligo a Tv e o sangue inunda a sala!<br />
Me roubam a calma, me introjetam medo.<br />
Me roubam e, levam minha esperança e consciência!<br />
A mídia mente, a mente míngua, o medo reina, o ódio cresce...<br />
O telejornal cara-de-pau, me cospe à cara em total escárnio,<br />
Telenovelas enchem a tela e se desenrolam tal qual novelos,<br />
E enleado vivo enredado, sempre na rede, tvpc, pctv, Smartphone,<br />
Telefone, telefome, telesede, sempre em rede, faz-se livro, (facebook) para quem não sabe ler,<br />
Milhões de bites, engessam a mente, e as sementes desse futuro que nunca vem,<br />
São uns sem mente, sempre se mentem, e quem se mete a perscrutar, ai...<br />
Uai, ti zap, coringas e ases de copa, reinam nas mentes em mil mensagens<br />
Fotos, imagens, memes e post's que nos estragam no instagran, sem grandes coisas.<br />
Pego o jornal me sinto mal pois ele é replica é mesmo cópia do da tv e do pc, tá tudo igual... Tá tudo igual...<br />
Não há saída, estou sofrendo pena de vida, e, me pergunto se vale a pena?<br />
Será que o mundo está ao avesso, ou sou eu que tropeço na ingenuidade de minh'alma pequena?<br />
Nossos heróis vivem todos de overdose, adoentados, gananciosos e vitimados pelos poderes que aglutinaram.<br />
Os super homens que prometeram nos proteger, já não conseguem se proteger e são caçados por ratos, como gatos medrosos...<br />
Mesmo o cinema é um anátema que minha antena desconfiada capta com desconfiança e teme a desconstrução...<br />
Trazem a lume o anti heroísmo, como uma nova religião. <br />
Bandidos e delinquentes, mentes doentes seres bizarros, cheios de psicopatias... Fazem a doutrina que mata a rima e abortam toda a poesia...<br />
Quanto mais sombrio, mórbido e silencioso tanto melhor, mais faz sucesso e encontram aceitação o anti heroísmo está na pauta dominando o cinema, livros revistas o radio e a televisão.<br />
Não sei se eu que fiquei louco, ou foi o mundo mesmo, que se esfacelou...<br />
De tão pequeno e insignificante eu vivo em crise aqui comigo, ou com o que de mim sobrou...<br />
Vozes me falam que esse tempo é o melhor que o homem já construiu... Democracia, tecnologia, verborragia sempre vibrante em tom febril... E tudo isso é angustiante e mais doloroso se, se vive no Brasil...<br />
Pois nesse país, pátria madrasta hostil... Nossos heróis presidiários, bandidos livres e despudorados vão dirigindo nossa nação...<br />
Arbitrariamente invertem tudo é um absurdo difícil de aceitar,<br />
Bandidos de trajetória fazendo história executiva, judiciária, parlamentar, para o povo lamentar...<br />
Onde chegamos? Se é pesadelo, alguém me chama, preciso despertar!<br />
Tá tudo errado ou estou errado e ta tudo certo, nesse imenso lamaçal?<br />
Pois todas as vozes dizem, que ser "bom cidadão" é coisa de otário e afinal, salve-se quem puder... É cada um por si, pois os deuses estão de greve, nesse império do caos.<br />
E os meus algozes, em um milhão de vozes querendo me convencer que eu sou mal...<br />
O que fazer, não sei dizer, mas pra me exprimir eu quero repetir com toda certeza o que já disse o "Maluco Beleza".... "Pare o mundo que eu quero descer!"<br />
<div>
<br /></div>
Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-64821196360977077112017-01-09T09:51:00.002-02:002017-01-09T22:50:20.238-02:00Segunda feira<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsHYuBUqfad7PD-lYRlup7zyPNo1sf3nSc-r30wFAlCDpWpSPNlz_oHZN48k1-UG6SwN2-HoszSsMFJfDKsQRJrxf8yUpdpg9d-8uMi27IT3jXDGJ3G1oLdt9n66AlfkM1gP-JIvgo9EQ/s1600/manh%25C3%25A3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="257" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsHYuBUqfad7PD-lYRlup7zyPNo1sf3nSc-r30wFAlCDpWpSPNlz_oHZN48k1-UG6SwN2-HoszSsMFJfDKsQRJrxf8yUpdpg9d-8uMi27IT3jXDGJ3G1oLdt9n66AlfkM1gP-JIvgo9EQ/s400/manh%25C3%25A3.jpg" width="400" /></a></div>
Segunda-feira<br />
<br />
Ainda o domingo agoniza nos braços da madrugada<br />
Ela se aproxima sorrateira fingindo nada querer.<br />
Mais um pouco e não tem jeito ela te arranca do leito e te coloca na estrada<br />
Recomeçando a jornada, do ofício do sobreviver.<br />
Com seu traje de trabalho sempre pronta, desde as quatro da manhã.<br />
Coloca ordem na ressaca, na preguiça, no cansaço e disciplina cada um.<br />
Depois de acordar o sujeito, no horário já marcado, arranca ele do leito<br />
E o encaminha ao seu fado.<br />
Incólume às maledicências, preguiças e más vontades, se impõe e segue firme o ritmo do calendário.<br />
Filha das horas é neta do tempo, não sendo a primogênita, logo não é a primeira,<br />
Mas também não é a última e nem mesmo a terceira, em ordem cronológica é ela a segunda feira.<br />
A doce mãe da rotina, rainha trabalhadeira, jamais muda seu status, não dança fora do compasso não importa de que maneira.<br />
Se impondo ao primogênito domingo, é ela a usurpadora que abre sempre a semana, de forma desafiadora, enquanto domingo festa, na lides da diversão.<br />
Ela se coloca intensa cheia de imposição, dominando corpos e mentes, sonhos e corações<br />
Coloca-nos a todos nas raias das obrigações, para que siga-se o curso de nossas vãs construções.<br />
Para alguns ela é uma tragédia, uma calendárica desgraça,<br />
Para outros só mais um dia, numa sucessão sem graça,<br />
Pura invencionice humana para mensurar e ver que o tempo deveras passa.<br />
Para o mercado é o recomeço, do ciclo semanal,<br />
Onde vidas são vendidas, mercadológizadas e consumidas,<br />
Como um produto banal, na sociedade do consumo onde domina o caos.<br />
Para mim é mais um dia, que a vida amanheceu,<br />
Mais uma oportunidade de descobrir quem sou eu,<br />
Aprendendo a amar tendo o amor por Deus,<br />
Na fraca fisionomia que a natureza me deu.<br />
Vivendo de cada vez, um por um cada um dos dias,<br />
Vivo feliz por viver, mesmo faltando poesia,<br />
Mesmo a vida sendo árida, por vezes triste e dolorosa,<br />
Mesmo a injustiça humana, crescendo de forma insana, voraz e escandalosa.<br />
Mesmo ainda esbarrando, na violência a cada esquina,<br />
Mesmo vendo mortos em vidas, os sonhos que apodrecem nos olhos que o brilho fenece, de meninos e meninas.<br />
Mesmo errando e esquecendo e, por vezes sendo esquecido.<br />
Sigo feliz a pensar, que ainda há motivos para se gostar da vida.<br />
Para se fazer amigos, para se trabalhar feliz,<br />
Mesmo com tantos bandidos ferindo a alma do povo,<br />
Escravizando e roubando e, empobrecendo o país.<br />
Mesmo entre dores e tombos e tanta indiferença,<br />
Mesmo com tanto ódio e intolerância,<br />
Salto do leito feliz, elevo meu pensamento,<br />
Falo com Deus por um momento de exclusiva oração.<br />
O céu se abre em versos e me veste de poesia dando me inspiração,<br />
E como mais um na estrada eu sigo minha jornada, com olhar de contemplação,<br />
As vezes cantarolando, ou assoviando uma canção.<br />
Recebo a filha do tempo e trabalhando sem lamento,<br />
Visto as vestes da rotina, planejamento, regência, atividades, docência, assim, sigo minha sina,<br />
Nessa lide cotidiana no anonimato dos mortais,<br />
Entre sonhos e tantos ais, sigo de fé altaneira.<br />
Fé na vida e na poesia, na roda que move os dias,<br />
E faz vir sem piedade, sem maldade ou sem bondade, mais uma segunda feira, bem vinda segunda feira,<br />
Na dispensa falta a feira...<br />
No mercado famigerado, o preço sobe na prateleira...<br />
Bem vinda segunda feira.<br />
Nossas forças a preço fixo seguem o valor do crucifixo,<br />
Onde somos colocado.<br />
E assim, dia após dia vivendo crucificados como cristos marginais<br />
Vivendo entre sonhos e ais num céu sem eira nem beira<br />
A caminho do labor saúdo cheio de amor...<br />
Mais uma segunda feira, bem vinda segunda feira!<br />
<br />Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-83743102591166195592016-04-30T19:28:00.004-03:002016-05-15T16:52:06.660-03:00ONDAS DE TRANSFORMAÇÃO<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoT8_EDLny8sPQWEJleGqf87YOmDOCcXAiTgDZ3B4VSF6tDWKLxGirI3siJAgYbhKOCwIqck9TEGRASE9OFW1phG6qcsP8-QYZhqqaaKiv0A5vUqucPwi5Qr7Uhm_wGFvi6zkEL-53e58/s1600/images+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="326" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoT8_EDLny8sPQWEJleGqf87YOmDOCcXAiTgDZ3B4VSF6tDWKLxGirI3siJAgYbhKOCwIqck9TEGRASE9OFW1phG6qcsP8-QYZhqqaaKiv0A5vUqucPwi5Qr7Uhm_wGFvi6zkEL-53e58/s400/images+%25281%2529.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
A vida é um grande mar,<br />
Quiçá, imenso oceano,<br />
Onde singra-se sem trégua,<br />
No barco corpo humano.<br />
<br />
De ondas sempre diversas,<br />
Hora a hora se alternando,<br />
Entre suaves e revoltas,<br />
O corpo/barco chacoalhando.<br />
<br />
Somos nós nesse sentido,<br />
Barcos de carne a seguir,<br />
O caminho que escolhemos,<br />
Com compromissos a cumprir.<br />
<br />
Enquanto barco singramos,<br />
Sempre conforme conseguimos,<br />
Mas é no singrar a vida,<br />
Que vamos evoluindo.<br />
<br />
Pode se singrar a esmo,<br />
Como barco à deriva,<br />
Sem rumo e sem consciência,<br />
Perdido na própria vida.<br />
<br />
Estacionado em si mesmo,<br />
Teimando em remar sozinho,<br />
Contra o balanço da vida,<br />
Que sempre indica o caminho.<br />
A cada instante uma estrela,<br />
Um astro ou outro sinal,<br />
Se mostra ao navegante,<br />
Chamando-o a vencer o mal.<br />
<br />
O mal de singrar a esmo,<br />
Por oceano revolto,<br />
Sutilmente lhe indicando,<br />
O norte que leva ao porto.<br />
<br />
Mas cego, surdo e insensível,<br />
O navegante não vê,<br />
Insiste em singrar a esmo,<br />
Sozinho até perecer.<br />
<br />
Quando então morre, renasce<br />
Em outro corpo/barco a singrar<br />
O oceano da vida,<br />
De onde não pode escapar.<br />
<br />
Para navegar seguro,<br />
É preciso observar,<br />
Dedicar-se ao estudo,<br />
Do que a vida nos dá.<br />
<br />
Sabendo que porto seguro,<br />
Existe a nos esperar,<br />
Mandando-nos todo o auxilio,<br />
De que vamos precisar.<br />
<br />
<br />
Só a ignorância e o descuido,<br />
Podem nos impedir de acessar,<br />
Toda ajuda que o porto,<br />
Sempre manda sem cessar.<br />
<br />
Problemas, dores, doenças,<br />
São oportunidades ao ser,<br />
Para além do que se pensa,<br />
Do que se julga saber.<br />
<br />
Convidam à reflexão,<br />
A mudar de opinião,<br />
Deixar a atual posição,<br />
E avançar com direção.<br />
<br />
Cada circunstância assim,<br />
Não é mera punição,<br />
São oportunidades então,<br />
De mudar a situação.<br />
<br />
Ondas de transformação,<br />
A que se é convidado,<br />
A se religar ao todo,<br />
Se religando ao sagrado.<br />
<br />
Tomando conhecimento,<br />
De si, do outro e do todo,<br />
E a cada onda que chega,<br />
O barco ganha um renovo.<br />
<br />
<br />
Assim, no oceano vida,<br />
Deste ou do outro lado,<br />
Na matéria ou no espírito,<br />
Sempre se tem o chamado.<br />
<br />
É a voz do eterno Pai,<br />
Que a tudo fez com amor,<br />
Chamando e atraindo,<br />
A criatura ao criador.<br />
<br />
Estando o criador,<br />
Oculto na criatura,<br />
Por suas obras se mostra,<br />
Na terra ou nas alturas.<br />
<br />
E a vida mar oceano,<br />
É palco dos desenganos,<br />
Onde se segue singrando,<br />
Mesmo sorrindo ou sangrando.<br />
<br />
Evoluindo ou estacionado,<br />
À deriva ou avançando,<br />
São dádivas que Deus,<br />
Por amor está sempre dando.<br />
<br />
O itinerário da viagem,<br />
Tem certos condicionantes,<br />
Além de cada escolha,<br />
Que é feita a cada instante.<br />
<br />
<br />
Além das dívidas e defeitos,<br />
Limites de cada viajante,<br />
O interesse coletivo,<br />
Também é condicionante.<br />
<br />
Pois mesmo sendo indivíduo,<br />
Existe elo comum,<br />
Unindo todos a todos,<br />
E todos a cada um.<br />
<br />
Assim é que se evolui,<br />
Nessa viagem que é viver,<br />
Indivíduo e coletivo,<br />
Todos chamados a crescer.<br />
<br />
Restabelecendo ao singrar,<br />
A harmonia perdida,<br />
Consigo, com outro e com Deus,<br />
Durante a queda sabida.<br />
<br />
E ao se rearmonizar,<br />
Retornando ao criador,<br />
Vai se fazendo conhecido,<br />
Tornando se conhecedor.<br />
<br />
Imaterializando assim,<br />
O que a consciência criou,<br />
Na queda ao contrair-se,<br />
Deixando o criador.<br />
<br />
<br />
E ao passo que se singra,<br />
Esse mar oceano vida,<br />
Vai se voltando pra casa,<br />
Para a morada perdida.<br />
<br />
Aos braços do pai amor,<br />
Que um dia nos viu partir,<br />
Dilapidando seu patrimônio,<br />
Teimando assim em cair.<br />
<br />
Descendo às trevas profundas,<br />
No caos da materialidade,<br />
Olhando o céu à distância,<br />
Sempre a sofrer de saudade.<br />
<br />
Da casa paterna perdida,<br />
Num ato de vaidade,<br />
Onde deixando o sistema,<br />
Caímos em anátema.<br />
<br />
Distante entre as prostitutas,<br />
A nos nutrirmos de lavagem,<br />
Adulteramos a obra,<br />
Da suprema caridade.<br />
<br />
Involução foi a queda<br />
A descida de verdade<br />
Evolução é voltar<br />
Aos braços da majestade.<br />
<br />
<br />
Ao colo do Deus poesia,<br />
Esse pai de eterna bondade,<br />
Que dia a dia nos espera,<br />
Na mais sublime saudade.<br />
<br />
De tanto que sente e quer nos,<br />
Ao nosso encontro vem,<br />
Para acolher-nos na volta,<br />
Para todo o sempre amém.<br />
<br />
Criamos o antissistema,<br />
Quando a queda se deu,<br />
Morada do ser material,<br />
Muito distante de Deus.<br />
<br />
Agora para voltar,<br />
Subir de volta para o céu,<br />
Preciso é vencer as trevas,<br />
Que a todos nós corrompeu.<br />
<br />
Mas Deus é o porto seguro,<br />
Que dia e noite vigília,<br />
Ansioso pela volta,<br />
De seus filhos e suas filhas.<br />
<br />
Ao passo que singramos a vida,<br />
E vamos evoluindo,<br />
Vamos então nos conhecendo,<br />
Conforme nos soerguemos.<br />
<br />
<br />
Nesse caminho de volta,<br />
Somos nós todos iguais,<br />
Os que caíram primeiro,<br />
Igualmente os demais.<br />
<br />
Tantos que caíram do céu,<br />
Como os nascidos no cativeiro,<br />
Somos nós filhos rebeldes,<br />
Distantes do amor primeiro.<br />
<br />
Voltando a duras penas,<br />
Do antissistema ao sistema,<br />
Nosso céu lugar comum,<br />
Para enfim se cumprir,<br />
Que filhos e pai são um.<br />
<br />
Quem vê o filho vê o pai,<br />
Quem vê o pai vê o filho,<br />
No céu com Deus seremos um,<br />
No mesmo amor de intenso brilho.<br />
<br />
Hoje exilados na vida,<br />
Singrando como queremos,<br />
Contamos com irmãos mais evoluídos,<br />
Que instruí-nos nós tão pequenos.<br />
<br />
São os vários campos da volta,<br />
Que se avança ao singrar,<br />
Nos mais distintos corpos,<br />
Para vários tipos de mar.<br />
<br />
Que é a vida em várias dimensões,<br />
Da matéria ao espírito,<br />
Os filhos lindos de um Deus,<br />
Pai lindo de amor infinito.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Kiko di FariaJoaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-92150406513579682532016-03-05T20:30:00.002-03:002016-05-15T16:47:24.058-03:00O PARTOO PARTO<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhXVoizMe_cT7F0FfkalRu7gjy7l2-vV5bfmSHmPyoaIBZkQShkj7VyBw39UfmUxa4COct6uko-LmfBZtw10kaDMplJclE444H3AKqK5oPFrppgeWt9zSD6eca_y1sC7eJiMrWpS8da3o/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhXVoizMe_cT7F0FfkalRu7gjy7l2-vV5bfmSHmPyoaIBZkQShkj7VyBw39UfmUxa4COct6uko-LmfBZtw10kaDMplJclE444H3AKqK5oPFrppgeWt9zSD6eca_y1sC7eJiMrWpS8da3o/s1600/images.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
Ai, ai, ai! Como dói minha iscadeira! Essa minha cacunda cansada, de doer inda me mata!<br />
Maria Tomásia se levanta do rancho e manquejando e balbuciando lamentos se dirige ao rêgo d'água, pamode lavar os últimos pano que o menino tá chegando. Pelas dores que vem sentido e o tamanho do bucho, ela sabe pela experiência de outros sete partos, que sua hora não demora.<br />
Quando a noite cai e o céu de estrelas se decora, as dores chegam ao seu liminar e Maria Tomásia sabe que é hora da grande hora. Assim, entre uma contração e outra manda seu primogênito Pelágio ir à casa da vizinha, chamar dona Davina, parteira e comadre sua.<br />
Deveras, acertado tudo já estava, desde a semana passada, quando as dores primeiras de parir sutilmente já se anunciavam. Foi na reza de dona Davina, ela que era devota de Nossa Senhora do Livramento, enquanto amassava o "rosado e a brevidade", biscoitos caseiros à base de goma de mandioca, que dona Davina não gostava de deixar faltar na sua devoção. Enquanto preparavam as guloseimas, todo ano ela contava a mesma historia, dizia ela: - essa reza é divução dos antigos, tá na família pá mais de duzentos anos. Cumeçô cum a bisavó de minha vó, uma véia muito temente que ficô cunhicida cuma "dona Precata" purque contam que ela era precateira de mão cheia, fazia precata, que vinham de longe pamode dela incumendar. Era precata que durava pá vida intera, num era essas porcaria de sandália que nois vê hojeindia não. Dona Floriscena cuma era seu nome de batismo, acumeçô cum a divução, foi pamode sarvá a minina dela dum parto de morte. Dizem que os trabaio de parto da minina já passava de três dias e a coitada num paria. Quando a mãe cheia de medo já privinino do perigo que sintia, recorreu à fé e foi Nossa Senhora do Livramento que salvou a mãe do minino. Desde intão, a reza tá na família.<br />
Foi nessa ocasião que Maria Tomásia vendo que sua hora aproximava ao fim da reza deixou tudo acertado com sua comadre Davina, que quando as dores apertassem, mandava ela, o mínimo avisar.<br />
Foi assim, que Maria Tomásia, tinha tudo preparado, conforme providenciara ao longo dos dias. Enquanto a panela de água fervia, ela dava janta pros meninos. No quarto simples do rancho, todos os panos do bebê estavam limpos e bem preparados. E para o parto, tudo estava pronto, tinha: fumo moído, mastruz, folha de pimenta, picão, carrapicho, azeite de mamona, fio de algodão, cachaça, pimenta, ovo e farinha, bem como o demais necessário. Faltavam mesmo só a hora e a parteira. A hora se aprochegava e a parteira num morava longe, era coisa de quarto de légua, a distância até o rancho de dona Davina, dentro em pouco ela chegava com suas coisas, rezas e experiências acompanhada do minino Pelágio, pra trazer por suas mãos, mais um filho de Deus pro mundo. Seria só mais um parto, nos quase duzentos que já fizera ao longo da vida. Dona Davina era parteira tão recomendada que vinha fazendeiro forte de longe, pamode pedir socorro aos seus serviços de parteira. Ela ia com amor e devoção, nunca cobrava pelo serviço, achava que era missão divina a ela confiada ser "aparadora de menino" e onde preciso fosse, lá ia ela pronta pra trazer mais um homem pras lutas do mundo.<br />
Tinha algo bem curioso que ela sempre dizia quando a criança nascia. Fosse homem ela dizia : - Eita sô quanta alegria é "burro pra carga" machinho do saco roxo. Sendo mulher dizia assim: - Eita sô quanta alegria é "carga pra burro" feminha pra perfumá o mundo. Sempre reverente e sábia, na sua simplicidade. Nunca cobrava nada, mas sempre era obrigada a aceitar alguns presentes, de gratidão de quem foi socorrido. Assim, ganhava: farinha, frango, rapadura, balaio, quibano, porco, bezerro, novilho roupa, entre outras coisas. Além de uma porção de afilhados e "filhos de nascimento" que para o resto da vida lhe teriam respeito e gratidão, sempre-lhe pedindo a bênção, em qualquer ocasião, pois para estes e família, dona Davina não era qualquer uma, era a eterna "mãe de imbigo", ou seja, a parteira que lhe trouxe à vida, amparando em sua primeira queda, do sagrado paraíso do bucho materno, para as cores e cheiros, luzes e dores das estradas do mundo, cortando-lhe o umbigo, tomando-lhe nos braços, nessa hora de medo e horror que traumatiza o nascente, para aquecê-lo e aconchegá-lo nos braços maternos, devolvendo-o assim, ao conforto da mãe que o acolhe e alimenta dando-lhe de imediato o peito e o colo, símbolos mais sagrados do mundo, que reproduzem as feições do útero, esse paraíso irremediavelmente perdido no ato do parto.<br />
Como sempre fizera com os demais filhos que agora seriam oito, contando o que nasceria em breve, Maria Tomásia ia parir sozinha. O marido tava na lida e não vinha pra acompanhar- lhe nessa hora. Isso não lhe trazia desconforto, ela sabia que João era mesmo assim, não afeito a essas coisas de mulher não. Assim, vinha em casa trazer as coisas e sumia pra roça no Boqueirão, onde tinha terra e plantava. Era bom marido, num deixava faltar nada, mas nessas horas ele preferia ser avisado depois de tudo corrido. Ai sim, ele vinha abençoar o herdeiro, tomando- o ao colo, beijando-lhe a testa, escolhendo o nome, etc. Mas durante as horas de parto ele gostava de estar longe. Sempre foi assim, é o jeito dele. Os demais maridos desse tempo, mesmo não podendo fazer muita coisa estavam sempre em casa nessas horas com a esposa, dando assistência e acompanhando tudo. Alguns até parto faziam. Não é que não soubessem fazer não, é que esse é um momento sagrado da vida das mulheres, a natureza reservou a elas esse momento. Foi capricho de Deus que a mulher desse a vida ao homem e dela ele cuidasse enquanto vivesse.<br />
Existe aí nesse ato de parir uma poesia sublime. A mulher é a poetisa da vida, assim quis a natureza, que a empoderou com todas as faculdades e forças. Mulher não precisa de nada pra parir, pari naturalmente, pari poeticamente, com a poesia selvagem da natureza bravia, que se contorce, geme e grita tecendo a vida, que entre saliva e sangue, suor e gemidos escorre pelos seus lábios ganhando os lábios do mundo. Sempre foi assim! Desde que o mundo é mundo, que acontece assim e não estamos nós aqui por acaso ou capricho médico não, estamos aqui porque nossas ancestrais eram poetisas fortíssimas, poderosas parideiras.<br />
Decerto que progredimos, ganhamos conhecimentos e técnicas e isso é bom, é necessário para dar mais qualidade, segurança, assepsia, maior qualidade de saúde e de vida conforme os padrões dos nossos dias. Mas não há razão, não sem uma real situação de risco, perigo pra mãe e filho, para que haja intervenção de parto artificial. Isso é superficializar a poesia divina, é empobrecer o parir, estigmatizar e enfraquecer a mulher em sua essência mais sublime.<br />
E tem mais, há quem de longe, já desconfie que transtornos e medos, frieza e distanciamento, dificuldade de relacionamento, entre outros psicosofrimentos e doenças de nosso tempo, tenham suas origens, nesse momento, nesse ato sagrado do parto que fora artificializado.<br />
Os partos artificiais, com seus mitos e inverdades, já são unanimidade ou estão quase se tornando. Isso em nome da praticidade, do lucro, da vaidade e das inverdades apreendidas. Em nome do não sofrer, da estética antiética e escalafobética, fóbica e cafona que faz desaparecer as mulheres poesia, as mulheres naturalmente potentes, poderosas parideiras de gente, que desde o nascer vive e sente, não teme viver, não teme sentir, poetisa e intérprete da natural poesia da vida, que torna a mulher mais mulher, pois não lhe furta o poder e faz o rebento mais potente, por nascer naturalmente, saudável, solto e livre pelo mundo.<br />
Remédio é para o doente e não para quem teme adoecer. Para não adoecer é prevenir, precaver-se, se cuidar, pois já nos lembra o ditado, que é bom sempre guardar, que na vida sempre é melhor prevenir do que remediar, assim, parto artificial, deveria ser o que é, remédio para os casos de necessidade, não a unanimidade que já está se tornando...<br />
... Enfim, chega dona Davina e o menino Pelágio e ela vai logo assumindo a casa, termina de dá cumê pra mininada e põe todos pra dormir. Chama a vó Mariazinha, põe à frente da cozinha e entra pro quarto onde Maria Tomásia já se encontra preparada. Contrações em alternância a cada instante menor, vão fazendo-a feito cobra de dor se contorcer, serpentiforme a dançar. A mulher é parideira, confia na companheira e na sua natureza, por isso ela não grita. Geme e se contorce, respira em descompasso, mas não se vê embaraço, nem medo nos olhos dela. A lamparina acesa, ofusca da noite a beleza que hoje é de lua cheia, a se exibir jubilosa pela fresta da janela.<br />
As horas de dores correm, e dona Davina a socorre com presteza e dedicação, quando as massagens e caldos, os banhos e beberagens mostram sua solução, relaxam e causam calor aumentado assim, a dor e a intensidade da contração. Bacia de água temperada, nem pelando e nem gelada espera pelo bebê. No leito já preparado o corpo semideitado de Tomásia, sua e canta, em preces e ais indiscretos que lhe escapam da garganta.<br />
Segurando a cabeceira e apoiada pela parteira ela pressente o momento. Num contrair extenuante que durou eterno instante de dor e força fazer, escuta o eco estridente de um choro renitente anunciando o bebê que acabava de nascer. Seu corpo extenuado, de suor e sangue banhado relaxa a desfalecer. Lágrimas banham-lhe o rosto, mas não são lágrimas de desgosto, são de alívio e emoção. O tremor e o frio ascende, e um gole de água ardente ali serve de solução. Enquanto dona Davina, com suas mãos benfazejas cortam o umbigo e prepara tudo, acolhendo o bebê, a mãe Mariazinha socorre Tomásia que vivencia pela oitava vez o milagre do nascer.<br />
Dona Davina sorrindo diz seu jargão de parteira feliz pelo aparado, - eita sô, quanta alegria, é "burro pra levar carga", machinho do saco roxo, que por Deus é abençoado. Ainda sem muitos panos e pele superficialmente lavada, nos braços da mãe querida o rebento é acolhido para a primeira mamada. Mama como um peregrino esfomeado o menino tem potência no sugar, a mãe toda extenuava é rainha entronada soberanamente a reinar. Toda a beleza da vida, toda a poesia do mundo, concentram-se nesse segundo, neste quarto onde estão mãe e filho completando o milagre da vida, que vem se dando desde a fecundação.<br />
O silêncio ali domina, Mariazinha e dona Davina, são estátuas bestificadas olhando a cena sublime que outra vez se repete, sendo inédita porém. Mãe e filho se conhecem, se conectam pelo toque, pelo olhar, pelo amamentar. Assim, sacramentam vínculos, que unem almas e escondem raizes, de uma maneira tão divina, que não se pode explicar. Por isso, tudo é silêncio e grande contemplação, uma espécie de oração, onde impera a natureza, sem nenhuma estranheza, a vida a sacramenrar, num ritual de poesia capaz mesmo de encantar.<br />
No meio da sugeirada, pano, sangue, erva e raizadas, apetrechos de parteiras, bacia, faixas e panos, placenta, fumo e azeite é momento de limpar. Dona Davina completa o serviço, limpa banha e veste a mãe e o menino. A Mãe de Tomásia arruma a cama recolhe os restos do parto comemorando mais um neto que a vida veio lhe dar.<br />
Tudo limpo e arrumado Tomásia toma um caldo, para se recuperar. Dona Davina comemora, querendo mesmo ir embora, para casa retornar, mas é alta madrugada, e assim, atende a comadre que insiste em seu pernoitar.<br />
Exausta Maria Tomásia, adormece sossegada com seu filhinho a mamar. As outras deixam o quarto se abrigam na cozinha bem baixinho a conversar. Tomam cachaça com torresmos, um lanche na madrugada, depois da obra acabada é hora de descansar.<br />
Eu que não dormi direito, curioso e teimoso que sou, caçei no rancho um jeito, da coisa observar. Sabia que alguma coisa muito estranha com mamãe ali estava a se dar. Mas era eu muito novo, sendo o quinto dos irmãos não dava pra imaginar, que naquela noite agitada, nossa vida tão pacata, mais um membro ia ganhar. Só soube no outro dia, quando com permissão de titia pude no quarto adentrar. Mamãe me abençoou, no canto da cama me mostrou um embrulho a dormitar. Ela me disse assim: - esse é seu irmãozin, que acabou de chegar. Confesso nada entendi, meio frustrado saí dali e fui pra vida brincar.<br />
Dona Davina foi embora ficamos nós e vovó agora e a mamãe acamada com aquele embrulho de lado. Dois dias foram passados e então papai chegou para meu mundo alegrar. Aos poucos me adaptei e o irmão aceitei com a vida a passar. Mamãe logo se recuperou e a rotina voltou sem nada se alterar, o irmãozinho crescia e muitas vezes eu queria seus lindos olhos pegar, mas logo mamãe brigava, para isso semente bastava, meus dedinhos curiosos, daqueles olhos brilhosos tentar se aproximar.<br />
Quantas memórias guardadas, parecia quase nada quando me pus a narrar. É que pra falar do parto, recordei amor e vida, revivi horas perdidas nos braços da emoção. E assim, percebo convicto que o parto natural é bênção pra toda a família. Já o parto artificial é feito no hospital, sem emoção, sem esse tipo de memórias que nos constrói e vinculam, com um bando de estranhos, tem um homem no comando e é um rito sem poesia. A natureza ali excluída, vê a mulher sua escolhida, vitimada enfraquecida, da vida anestesiada. E a poesia divina que dormia na menina é pelo médico amputada, em nome da praticidade e uma tal modernidade, civilidade e esterilizadora que esvazia o ser humano, esse momento profanando. Partos em escala de produção, agendados no balcão de uma casa de doenças. A vida perde a poesia, o nascer perde a essência e virá mercadoria e as dores no parto evitadas, sem generalizações e nem determinamos, vão solidificando o câncer do egoísmo e esfriando as relações. E as dores de que se fugia vão surgindo e ressurgindo, outras formas assumindo de transtornos e confusões.Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-88801525560831078352016-02-27T16:44:00.003-03:002016-05-15T17:40:21.927-03:00Caído<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDm1QChc0mkGKFUPJsHIOEvZKXacXl2FBVW5aTMp6kXf060y2xUKnh-xM88yb1sQBe6vy0BcJlKdW32MxcaD3AFqGlDT5bNnu7ltNT4Ql65nUNcjtsAkC9s4nPzViUhBaK8ASwP1bzVxA/s1600/Homem+ca%25C3%25ADdo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDm1QChc0mkGKFUPJsHIOEvZKXacXl2FBVW5aTMp6kXf060y2xUKnh-xM88yb1sQBe6vy0BcJlKdW32MxcaD3AFqGlDT5bNnu7ltNT4Ql65nUNcjtsAkC9s4nPzViUhBaK8ASwP1bzVxA/s1600/Homem+ca%25C3%25ADdo.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
No chão da vida me encontro,<br />
Remoendo todos os meus feitos,<br />
Soterrado em meio aos escombros,<br />
Desse mundo de seres imperfeitos;<br />
<br />
Dos amores que tive, que vivi,<br />
Das sementes que na vida plantei,<br />
Lindos frutos em filhas colhi,<br />
Muitos sonhos com lágrimas teguei;<br />
<br />
E o tempo menino apressado,<br />
Todo afoito a seguir o caminho,<br />
Devorou quinze anos calcados,<br />
A pés descalço com afeto e carinho;<br />
<br />
Fiz história, estorias contei,<br />
Eu rezei, eu cantei a pregar,<br />
Em aprender muito me empenhei,<br />
Para poder melhor servir e amar;<br />
<br />
Me fiz servo, amigo e irmão,<br />
Me fiz ombro, coração e ouvidos<br />
Me doei, ofertei minhas mãos,<br />
Acolhendo o que tinha caído;<br />
<br />
Me fiz punho, me fiz braço e voz,<br />
Fui à luta e simplesmente lutei,<br />
Pouco a pouco fui deixado a sós,<br />
Justamente por quem eu lutei;<br />
<br />
Ressequido, sufocado e perdido,<br />
Vi raiar o louco sol da paixão,<br />
Que voraz devorou -me o juizo<br />
Destruindo o meu fio da razão;<br />
<br />
E nos olhos da mais bela flor,<br />
Pelo amor fui então encontrado,<br />
Sem tocá-la ou sentir-lhe o sabor,<br />
Com um olhar fiquei apaixonado;<br />
<br />
Foi amor à primeira vista,<br />
Colossal,foi um conto de fadas,<br />
Me perdi feito peixe na isca,<br />
Me achei nos olhos da amada;<br />
<br />
Mas para tê-la, para lhe possuir,<br />
Tive que me trair, me vender,<br />
Destruir o sonho que construi,<br />
Nos escombros do sonho perecer;<br />
<br />
Foi assim, que me descobri,<br />
E os amigos que eu pensava ter,<br />
Finalmente então conheci,<br />
Bem a tempo de ainda aprender;<br />
<br />
Que amigos bem pouvos eu tinha,<br />
E os que tinha muito machuquei,<br />
Pra viver e não morrer hipócrita,<br />
Esses amigos sem querer eu matei;<br />
<br />
Todos os demais que eu tanto presava,<br />
Sob a alcunha de amigo ou irmão,<br />
Com minha queda virou-me as costas,<br />
Abandonando-me sem ter compaixão;<br />
<br />
Hoje sei que aqui nada tenho,<br />
E o que tenho nunca me deixará,<br />
Pois é livre e eu nunca os retenho,<br />
Deixo-os livres para sorrir e amar;<br />
<br />
Já não me engano com doces sorrisos,<br />
Com abraços, acenos e palavras,<br />
Aprendi que tudo que realmente preciso,<br />
O amor Deus já me deu e me aguarda;<br />
<br />
A todos que cruzou meu caminho,<br />
Deixo a paz e a minha gratidão,<br />
Em silêncio sigo, às vezes sozinho,<br />
Mas com amor dentro em meu coração.<br />
<br />Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-74312889418304088312016-02-27T16:43:00.005-03:002016-02-27T22:15:02.367-03:00Soneto em Acróstico <br />
<br />
<br />
<br />
<span style="color: red;"><b>F</b></span>azer sua história, seguir seu caminho,<br />
<span style="color: red;"><b>E</b></span>mpenhando-se em viver, vivo estando,<br />
<span style="color: red;"><b>L</b></span>utar com amor, fazer tudo com carinho,<br />
<span style="color: red;"><b>I</b></span>luminando-se, caindo ou se levantando.<br />
<br />
<span style="color: red;"><b>Z</b></span>ombando dos males e perigos da jornada,<br />
<span style="color: red;"><b>A</b></span>rmando-se de sorriso, amor e compaixão,<br />
<span style="color: red;"><span style="background-color: white;"><b>N</b></span></span>a certeza de que só o amor e mais nada,<br />
<span style="color: red;"><b>I</b></span>lumina e vence, nossa sombra e escuridão.<br />
<br />
<span style="color: red;"><b>V</b></span>ivendo é aprendiz, ensinando o que aprendeu,<br />
<span style="color: red;"><b>E</b></span>nquanto inquieto e ávido procura transcender,<br />
<span style="color: red;"><b>R</b></span>umo àquele, que de puro amor, um dia o teceu.<br />
<br />
<span style="color: red;"><b>S</b></span>egue seus sonhos e os desejos do coração seu,<br />
<span style="color: red;"><b>Á</b></span>vido do céu, segue se doando a se enternecer,<br />
<span style="color: red;"><b>R</b></span>enascendo das trevas, para a luz do amor Deus.<br />
<br />
<span style="color: red;"><b>I</b></span>nspirado pelo amor segue vencendo a compreender, que no caminho é preciso, que se...<br />
<span style="color: red;"><b>O</b></span>re, vigie e ame... Siga, sendo e aceitando o que se é, buscando ser, o ser que se sonha ser. Amando, amando, amando... E assim, pelo amor ir se transformando.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-62212991586150492862016-02-27T16:29:00.001-03:002016-02-27T22:12:44.977-03:00Quando Caímos <br />
Aquiete-se e tenha fé, por acaso, acredite nada é, <br />
Cada um é aquilo que é, vivendo conforme acredita,<br />
Cada um sofre as dores que na vida tem que viver,<br />
Suportando pela vida, o conjunto de suas desditas.<br />
<br />
Só quem sofre os tormentos e os espinhos das dores,<br />
Só quem suporta o peso que tem a sua pesada cruz,<br />
Sabe onde o sapato aperta, onde mora seus dissabores,<br />
Sente as trevas que insistentemente atenta contra sua luz.<br />
<br />
Por isso mesmo limite-se a amar e nunca se apresse em julgar,<br />
Se coloque no lugar do outro e tente suas dores entender,<br />
E verás que as vezes a loucura e a morte, nos parecem ser solução.<br />
<br />
E já cegos de medo e de dor, desistimos sem forças pra esperar,<br />
E então não suportando o fardo, sufocados de tanto sofrer,<br />
Desistimos de tudo e falidos caímos, suplicante pela compaixão.Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-10936141456576063642016-02-14T23:43:00.002-02:002016-02-15T11:27:14.303-02:00Coleção Sacramentos Coleção Sacramentos<br />
<br />
1-Batismo<br />
<br />
Incrédulo e sem razão,<br />
Eu negava o amor.<br />
Negava sua existência,<br />
Negava sua benemerência,<br />
Negava sua eficiência.<br />
Um pérfido de coração,<br />
Eu só cria mesmo, era na dor.<br />
Essa dor da existência,<br />
Devoradora de consciências,<br />
Mãe e irmã do desepero.<br />
Que leva-nos ao pesadelo,<br />
De nos vender a qualquer preço.<br />
Mas num dia casual,<br />
Veio você afinal,<br />
O meu mundo transformar.<br />
E a dor que eu cultivava,<br />
Mutilando meu coração,<br />
Devorando-me a razão,<br />
E empobrecendo- me a emoção,<br />
Por teu olhar foi vencida,<br />
Dando vida a minha vida.<br />
Me vencendo afinal.<br />
E assim, tu me sorristes,<br />
Com um olhar me sedusistes,<br />
E por fim, me condusistes,<br />
Ao teu corpo batismal.<br />
E na pira do teu fogo,<br />
Queimastes o velho eu,<br />
Fazendo surgir o novo,<br />
Batizado pelo amor,<br />
Nas águas ferteis do teu gozo.<br />
E sendo o novo ser que sou,<br />
Eu só vivo pra você,<br />
Sou servo do teu amor.<br />
<br />
<br />
2- Eucaristia<br />
<br />
No sagrado templo do amor,<br />
Coloco-me desnudo e contrito,<br />
Reverente e cheio de grande ardor,<br />
Onde banqueteio-me, a cear contigo.<br />
<br />
Nos seus olhos vejo o amor fulgurante,<br />
Em seu toque, toda a perfeita sublimidade,<br />
Em seus lábios, a confissão dos amantes,<br />
Em meu eu a fluir a plena felicidade.<br />
<br />
Devotado, me deito em seu leito altar,<br />
E me ofereço, em pleno ato de oblação,<br />
Recebendo-te oferenda, na mesma medida.<br />
<br />
Comungando nossos corpos, no ato de amar,<br />
Eucaristia dos amantes, numa mesma oração,<br />
Nos tornamos um, a comungar a mesma vida.<br />
<br />
<br />
<br />
3 -Confirmação<br />
<br />
No crivo das dores de cada dia,<br />
O tormento das horas nos ronda,<br />
A rotina sequiosa nos cerca,<br />
Os problemas nos abalam e desafiam.<br />
<br />
A distância nos quer separar,<br />
Nos mantendo das horas, reféns,<br />
Tantos olhos nos olham, nos buscam,<br />
Tantas vozes, nos gritam, doutrinam.<br />
<br />
Mas no oculto templo de minh'alma,<br />
Onde somente eu e o amor adentramos,<br />
No secreto quarto de meu ser,<br />
Onde eu e você, pelo amor, sendo um habitamos.<br />
<br />
Nesse quarto, de portas fechadas,<br />
Onde o pai amor, nos ouve e acompanha,<br />
Eu num rito sacrossanto de amor,<br />
Professo silenciosamente em meu coração,<br />
Sobre os descompassos do amar,<br />
Dando à vida minha confirmação,<br />
<br />
Como a crisma confirma o batismo,<br />
Confirmando uma escolha e vocação,<br />
Eu confirmo com o jorrar de minh'alma,<br />
Num oceano de amor em convulsão.<br />
<br />
Que te amo, te quero e te preciso,<br />
Sois meu amor, meu afeto e paixão,<br />
Sois meu sol e meu eu, em outro eu,<br />
És a vida, que conserva a vida,<br />
Dando luz e vida, ao meu coração.<br />
<br />
<br />
4 - Matrimônio<br />
<br />
Me casei,<br />
Me entreguei e amei.<br />
Procriei,<br />
Recriei a cantar...<br />
<br />
E a vida gerou novas vidas,<br />
No selvagem exercicio do amar.<br />
Nos rituais sacramentais da instituição,<br />
Me enredei e me casei,<br />
Fiz papel,<br />
Coloquei em outro dedo aliança.<br />
<br />
Mas trai o que um dia jurei,<br />
O matrimônio que então contrai,<br />
Se contraiu no compasso dos dias,<br />
Em pecado de não amar a quem jurei,<br />
Vi-me enredado nas trevas da rebeldia.<br />
<br />
Mas o amor que a tudo ordena,<br />
Não se encarcera em vis tradições,<br />
Nem condena o que ama imensamente,<br />
E se entrega, a viver de emoções.<br />
<br />
Entre o falso matrimônio jurado,<br />
Falseado pelo arrefecido sentimento,<br />
Optei por seguir meus desejos,<br />
Te encontrando em sublime momento.<br />
<br />
E se escândalos muitos causei,<br />
Ao encontrar-te contigo me casei,<br />
Com um olhar descobri-me em ti,<br />
Com um beijo,<br />
Fizemos nosso matrimônio.<br />
<br />
<br />
5 -Penitência<br />
<br />
Confesso que amei...<br />
Confesso que sonhei...<br />
Confesso que acreditei...<br />
Confesso que tentei...<br />
Confesso que servi...<br />
Confesso que li e reli...<br />
Confesso que temi...<br />
Confesso que fugi...<br />
Confesso que senti...<br />
Confesso que não fiz por mal,<br />
Confesso, sou humano afinal,<br />
Confesso que meu instinto animal,<br />
Solapou meu desejo racional,<br />
E fez-me presa desse amor transcendental.<br />
<br />
Confesso, sem esse amor nada sou...<br />
Confesso, meus erros e pecados<br />
Confesso, minhas trevas meus medos mais guardados<br />
Confesso...<br />
E ao confessar peço perdão...<br />
<br />
Perdão por decepcionar a tantos,<br />
Perdão por amar assim,<br />
Perdão por acreditar no amor e na sua liberdade,<br />
Perdão por não pedir perdão.<br />
<br />
Perdão por ter pecado,<br />
Perdão por perder de vista a noção de pecado,<br />
Perdão por ter acreditado,<br />
Que é certo inventar pecados,<br />
E que manter o ser aprisionado seja o único e real pecado.<br />
<br />
Perdão por gostar tanto do pecado, com seu amargo adocicado!<br />
<br />
Perdão... perdão...<br />
Por ser um ser que sente, sonha, deseja e quer...<br />
Um ser que não se retém por medo ou covardia,<br />
Um ser que teme a própria consciência e foge da hipocrisia.<br />
<br />
Perdão por ser um homem injusto e imperfeito,<br />
Em busca de justiça e perfeição,<br />
Perdão por ouvir os apelos do desejo,<br />
E me doar sem medida ou reservas.<br />
<br />
Perdão por decepcionar a tantos, para saciar às minhas mais íntimas e essenciais necessidades...<br />
<br />
Perdão... perdão por minha sinceridade,<br />
Perdão por minha honestidade para com o outro e principalmente para comigo mesmo.<br />
<br />
Perdão pela poesia pobre e vazia,<br />
Perdão por esses meus versos,<br />
Perdão por minha confissão,<br />
Perdão por acreditar e viver o amor...<br />
E por amor confesso...<br />
E por amor perdão peço...<br />
E por amor confesso,<br />
Que por amor, outra vez e mais uma vez...<br />
Se preciso for... pecarei.<br />
<br />
<br />
<br />
6 - Ordem<br />
<br />
O amor me ordenou...<br />
Ordenou que eu ame,<br />
Ordenou que eu sinta,<br />
Ordenou que sonhe,<br />
Ordenou que eu deseje,<br />
Ordenou que eu pense,<br />
Ordenou que eu veja,<br />
O amor me ordenou...<br />
<br />
Ordenou-me sacerdote do amor.<br />
Ordenou-me para sempre e eternamente.<br />
Sacerdote segundo a ordem de philos, eros e ágape.<br />
<br />
O amor me ordenou...<br />
E assim, obedeço,<br />
Assim, cumpro meu sacerdócio,<br />
Às vezes amargo, às vezes doce,<br />
Entre erros e acertos,<br />
Tombos e tropeços,<br />
Lágrimas e sorrisos,<br />
No exercício do amar cumprindo a ordem do amor.<br />
<br />
Vou estando como estou, a caminho do que serei...<br />
Nos braços do amor que é,<br />
Vivendo meu inferno e meu paraíso.<br />
<br />
No calor do seu toque,<br />
No fulgor dos seus olhos,<br />
No néctar dos seus lábios,<br />
Nas águas do seu amor,<br />
Na doçura inebriante do seu sorriso.<br />
<br />
<br />
7- Unção<br />
<br />
Morro a cada instante,<br />
Morro eterno amante,<br />
Na constante busca,<br />
No prazeroso e extenuante exercício do amar.<br />
Morro a cada gozo,<br />
Morro a cada orgasmo,<br />
Morro enfermo que sou,<br />
Doente nesse corpo de carne que o tempo roi e a dor corroi,<br />
Que a mágoa e o egoismo adoece e destroi.<br />
E por isso morro...<br />
<br />
Morro, mas morro amando...<br />
Ainda que chorando,<br />
Ainda que sangrando,<br />
Ainda que errado, morro nos braços do amor, feliz a amar...<br />
E o amor me unge com sua unção,<br />
Doce unção dos enfermos, enfermos de todas as enfermidades.<br />
<br />
Pois somente o óleo santo do amor traz vida...<br />
E o amor jorra o seu óleo, pelas lágrimas dos seus olhos,<br />
Pelo brilho do seu sorriso,<br />
Pelas águas do seu corpo,<br />
Esse embevecente e magnífico,<br />
Portal que conduz ao céu,<br />
O templo sagrado do amor,<br />
Que se erige e se instala,<br />
Onde haja dois corações,<br />
Dispostos ao amor, ao amar.<br />
<div>
<br /></div>
Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-50589421803521443012016-02-12T11:03:00.002-02:002016-02-12T11:03:09.623-02:00Livros Gratis<span style="background-color: #ffffdf; font-family: Verdana; font-size: x-small;"><table border="0" style="width: 19%px;">
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</span>Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-7868345822641519702016-02-12T11:02:00.001-02:002016-02-12T11:03:30.693-02:00Download de um livro por dia totalmente grátis<span style="background-color: #ffffdf; font-family: "verdana"; font-size: x-small;"><script charset="iso-8859-1" src="http://www.elivros-gratis.net/scripts/show_book_page.js" type="text/javascript"></script></span>Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-7169548045618715772014-02-02T16:21:00.000-02:002014-02-02T16:21:25.374-02:00CONFIDÊNCIAS DE BOLSO<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Coisa
triste é ser coadjuvante da própria história, destarte, cansado dessa posição
pouco realizante lanço mão deste, para ousar ir além, para assumir ainda que
brevemente o protagonismo que me é devido. Sim claro, elementarmente que se
apresenta um tanto arrogante minha tal posição, assim tão aguerridamente
assumida, mas creia-me, nada tem a ver com arrogância, trata-se meramente de
assumir o meu papel de fato, e assim na condição de protagonista apresentar a
minha percepção das coisas... Poderá por ventura alguém censurar-me, por querer
também dizer daquilo que sinto, penso, vejo..? Ainda que alguém ouse, ainda que
me censurem, quero correr este risco, quero submeter às críticas. Mas aos mais
desavisados digo logo de entrada, o que falo, falo de mim mesmo, do meu
coração, se é que tenho um... de minha sensibilidade...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas
chega desse prolixo preambulo, vamos avançar... quero apresentar –me,
permitam-me! Sou o bolso. Sim o bolso... muito certamente que lhe soará
estranho caro leitor. E naturalmente expressará algum espanto. Mas não se
precipite... sim, o bolso! É este aquele que vos remete... desde a muito que
ando, a acompanhar tanta gente nas mais diversas situações e ocasiões, mas hoje
quero evocar o direito de falar, narrar algo que julgo relevante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sou
um bolso traseiro de uma velha calça jeans. Nesses meus sete anos de vida,
tenho visto e acompanhado muitas coisas, mas por viver na retaguarda, acabo
observando pelos fundos, na traseira da história, perifericamente. O que em
nada invalida minhas percepções elementarmente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nesses
meus anos de vida, muitas coisas me marcaram, outras passaram irrelevantes. Mas
caro leitor, permita dizer... ultimamente, ando meio em crise, não sei se é a
melhor idade, o causticante martírio de viver minha existência toda nesta mesma
contraditória posição, sim contraditória, mas o fato é que sinto me impelido a
fazer algo novo, a falar de mim. Veja bem, deixe que eu explique essa
contradição que pertine a minha posição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pois
bem, enquanto bolso traseiro de uma calça jeans, estou localizado numa região
nobre, nos altiplanos glúteos com toda sua nobreza e majestosa sedução. Isso é
maravilhoso, esse status realmente é fascinante... a maciez dos glúteos, sua
textura, seu movimento... os glúteos trazem emoções apavorantes, intensas, é
indubitavelmente uma região badalada... a freguesia é constante e diversa,
desde o olhar o mais frequente dos visitantes, até os lábios, mãos dedos,
rosto, nariz, etc... enfim uma loucura o dia-a-dia glúteo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas
vida de bolso traseiro não é só essa majestosa
badalada rotina. Há constantemente transtornos que complicam a vida,
alteram os humores desafiando qualquer bolso traseiro que se prese. Entre os
cânions glúteos fica localizado o orifício vulcânico... um oráculo de humores instáveis
que expelem larvas e gazes das mais distintas naturezas... vez ou outra recebe
estranhos visitantes que ora apenas o cumprimentam, se esfregam,
reverentemente, limpam no, ora adentram e realizam uma estranha ritualística
entrando e saindo freneticamente, até que desaguam neste num ápice estranho,
tudo isso é contraditório, tudo isso faz essa citada contradição... mas o mais
contraditório mesmo, é que mesmo sendo um habitante dos glúteos e saber de
todas essas coisas, as sei pelo observar, ora de meu lugar de residência, ora
de longe... sim de longe, pois que quando tudo fica intenso nos glúteos, a capa
de revestimento que pavimenta o corpo é arrancada e lançada fora, assim é que
de longe, abandonado, relegado ao descaso sou juntamente com a calça deixado
pelo caminho, sendo obrigado a apreciar estas coisas quase sempre a distância.
Como coadjuvante, expectador na maioria das vezes. Razão que tanto me indigna e
faz evocar o meu direito de fala.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ora,
ultimamente tenho feito artes... um pouco de traquinada faz bem, pode trazer
complicações... mas não há idade que resista ao prazer, à emoção de uma boa
aventura... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na
condição de bolso, além de ver e observar tudo quanto tenho dito, também cumpro
meu papel de receber e acomodar as mais diversas coisas... carteiras, dinheiro,
papel, bilhetes, contas, em fim uma infinitude de coisas... mas ultimamente
tenho recepcionado um dispositivo engraçado que as pessoas andam usando. Elas o
chamam de Celular. È um aparelhinho usado para se comunicar com outras pessoas
que estão distantes. É um geringonça tão eficiente e encantante que até eu
tenho me rendido aos seus benefícios e encanto... já usei algumas vezes... olha
é mágico o efeito que ele produz...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
principio era tudo irrelevante, eu o recebia, o recebia, o recebia, sem lhe
prestar atenção... mas sabe como é, há sempre um tempo mais oportuno para cada
coisa... assim , chegou o dia que acabei sendo seduzido por tal dispositivo e
passei a reparar mais nesse tal de celular. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sou
bolso traseiro de calça jeans como disse, mas calça jeans de um poeta... bem
não sei como são os outros, mas o poeta, ah, o poeta é um ser encantante,
encantante mas muito estranho... difícil de definir. O caso é que esse meu
poeta tem lá suas musas e usa muito seu celular para receber as inspirações das
musas... estranho, né, eu sei! Homero ficaria louco, se soubesse a que ponto
chegamos... musas que inspiram por mídias... bugigangas tecnológicas que a
modernidade trouxe. Mas seria muita perfídia refutar todas essas coisas por
puro capricho e descabido zelo pela tradição homérica. Até mesmo por que se por
um lado tudo isso rechaça a tradição, não o faz para extingui-la, mas para a
remontar sob novo arranjo, dando convivência entre o tradicional e o moderno...
que papinho mais chato não...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pois
bem, esse meu poeta, é um ser extremamente contraditório, todos somos, mas ele
parece ser mais... talvez daí tenha eu sido vitima de alguma influencia... ele
relaciona –se com várias musas, deuses e semideuses, habitantes da luz e das
trevas... é uma intersecção de mundos e submundos, talvez seja isso que lhe faz
tão contraditório, ele alimenta e é alimentado por fontes múltiplas... e se se
é o que se come!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele
encontrou por acaso, penso eu, pois não faz muitas luas que ele encontrou, uma
nova musa... ela é uma musa muito interessante. Ela já o encontrou algumas
poucas vezes, mas a conexão entre eles é algo surpreendente, impressionante. O
contato entre eles gera uma aura que é inominável, indescritível, pura
inspiração, “luxuria que o fogo lambe”, diria outro poeta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De
tanto ouvir e apreciar tudo, como sempre na minha condição de distante
observador, acabei me envolvendo, me sentido parte daquilo tudo... em fim bem
ou mal, não sei, julgue me quem puder... resolvi entrar na brincadeira, entrei
na dança...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Um
belo dia após oras de conexão entre musa e poeta, a inspiração se deu tão
intensa e profusamente que o celular foi dispensado... o poeta confiou a mim...
foi aí que fiz minha traquinada. Comecei a mexer em todos aqueles botõezinhos,
no afã de ver no que dava. Descobrir que tipo de feito aquilo propiciaria...
mexi, mexi, mexi... quanto em fim estava exausto e confuso, já não tinha mais
paciência para aquele geringonça estranha. Então começou a soar um barulho
estranho, entrecortado por pausas de total silêncio... assustei me quando o
primeiro som ecoou, <i>triiiiimmmmmmm...</i>
quase caí de susto, quase despenquei dos glúteos deixando a calça sem mim. Mas
felizmente minhas costuras são de boa qualidade e assim eu resisti aquele
apavorante som, logo na sequência imediata um silêncio se vez... e novamente o
som voltou a impor-se<i> triiiiimmmmmmm...(
silêncio), triiiiimmmmmmm...</i>repetidas vezes isso se deu. Minha curiosidade
aguçou-se e ao fim de repetidas alternações de som e silêncio... veio o
contanto com a musa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Indescritível,
não há palavras, nem cores, gestos imagens, nada, absolutamente nada, que se
possa prestar eficientemente para expressar aquele momento, aquele contato,
aquela musa mágica, cativante, apaixonante que de outro mundo dizia com voz
doce e pueril, jovem e deliciosa ao meu ouvido coisas que não pude entender,
seus gemidos, suas frases eram inefáveis, sua respiração, o compasso de toda a
peça... uma magia envolvente cativante... entendi brevemente na minha
insignificância bolsal o que o poeta vive e sente contactando essa musa. São
percepções que não se pode exprimir...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Do
outro lado a musa dizia algo assim “<i>Alô,
Alô, alô, Kiko di Faria, fala comigo, podes me ouvir...? Puhn, puhn, puhn...” </i>sinceramente
não entendi nada<i>. </i>Eu não falo essa
língua. Como exprimir o inexprimível, como explicar o inefável? Não sou eu,
pobre bolso que o poderá fazer... mas o fato é que foi tão diferente, me
transformou de tão prazeroso e inusitado, tornei me outro ser... repeti algumas
vezes a travessura e assim desabrochou em mim a capacidade e o desejo de falar
tudo isso. A vontade incontida de dizer estas coisas, vencer o anonimato, sair
da coadjuvância e render tributos ao protagonismo, ainda que breve, em poucas
linhas... seduzido e inspirado pela musa deixo aqui minhas confidências de
bolso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Acho
que cá não há lei que as proíbam, se tem eu as desconheço, assim como
desconheço, ignoro quem poderia se ofender com tal feito meu, senão o poeta,
que ao tomar conhecimento, acho que revelado pela musa, nada fez. Não
arranco-me, não costurou-me, nada, absolutamente nada, nenhuma sanção... então
não deve ser crime.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lei
cá não há! Ley lá, Ley lá... não sei se há. A musa não creio que fará, se Faria
Ley lá, só o tempo se me nos revelará, mas seja quem for tal musa, como for...
ela sendo seja lá o que for, é esse ser que seduz encanta e envolve até o bolso
do poeta... bolso que ainda que vazio... é eternamente cheio de histórias pra
contar.<o:p></o:p></span></div>
Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-20522729765950884382013-10-30T20:25:00.000-02:002013-11-01T13:37:43.638-02:00POEMA VOCÁLICO<br />
<img height="299" src="https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTmXT5Bss53C70sXtXeE7sDrBEcfUkQrL1pVuXy4NsmB9neRZzr3Q" width="400" /><br />
<b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A</span></b>o Pensar certas coisas<br />
Que faz o meu povo ser o que é<br />
Penso e pesaroso fico num misto de perfídia e fé.<br />
<br />
<b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É</span></b> tanta penumbra e escuros sólidos,<br />
Tanta cegueira a reinar<br />
Tantos anseios suprimidos<br />
Abortados no nascedouro<br />
Sem nunca poder brilhar.<br />
<br />
<b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">I</span></b>nquieta-me tantas dores<br />
Tantos dias cinzas sem cores<br />
Enquanto sofrem esperam<br />
Seus cristos e redentores.<br />
<br />
<b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O</span></b>s pobres ignóbeis que somos<br />
Escravos da ignorância<br />
Temerários sobrevivemos<br />
Torporizados pelo cotidiano nutrindo-nos de vãs esperanças.<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>U</b></span>m momento, mils momentos<br />
Cada um com seus tormentos<br />
Enquanto segue a orquestra<br />
Nesta canção caótica somos meros instrumentos.Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-86662598060473627702013-10-30T20:13:00.003-02:002013-11-01T13:39:40.776-02:00QUERO TE<br />
Google Imagens<br />
<img src="http://lh3.ggpht.com/ninjasedutora0/SQNeT52MseI/AAAAAAAAArs/9rCKAzehNwA/s1600/Slug.jpg" /><br />
<br />
Quero seus olhos, seu sorriso<br />
Quero seu rosto, seu corpo<br />
Quero seu eu, meu céu<br />
Ser o seu mel, paraíso.<br />
<br />
Quero suas mãos, emoção<br />
Quero seus braços, abraços<br />
Quero seus pés, seus passos<br />
Ser o seu chão, fértil e farto.<br />
<br />
Quero seus gritos, gemidos<br />
Quero seus risos, suspiros<br />
Quero seu hálito, descompasso<br />
És o pão no qual me farto.<br />
<br />
Quero os seus lábios, seus beijos<br />
Quero seus afagos, mais meigos<br />
Quero-a intensa, faminta e insana<br />
Ser o seu leito e lençol, sua cama.<br />
<br />
Quero seu jeito mais simples, mais dócil<br />
Ser o seu ser, que te faz ser feliz como possa.<br />
<br />
<br />Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-87061777143618520392013-10-26T09:35:00.003-02:002013-11-01T13:40:53.958-02:00RECEIOSA A DESEJARGoogle Imagens<br />
<img height="361" src="http://3.bp.blogspot.com/-bAaTzZMJBj0/Ts-oPsnU1hI/AAAAAAAACUY/IOGaB4wEjIU/s400/violencia05a.jpg" width="400" /><br />
<br />
<span style="text-align: justify;">Seu olhos têm vida</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Têm sede e saudade de si<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Perdida se sentes se vê<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tão frágil a esbanjar força e
poder<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tão bela tão meiga<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Só quer seu amor sendo amado
servido comido na mesa do amar<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
És flor de láureas pétalas que se
despetála ao se despertar<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na calidez da solidão e do desejo
de se ver amada</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Envolta no aconchegante manto do
amor<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Amor que não se mensura que não
se acaba que não se esvai ou vai<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Amor que fica no vai e vem no
embalo da vida no embalo dos corpos</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nos olhares a se verterem em si<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se recriando mutuamente sempre
quentes e famintos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se fecha sem medo com medo de
amar <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ansiando pelo amor.<o:p></o:p></div>
Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-89211407937055676792013-10-26T09:13:00.001-02:002013-11-01T13:44:03.734-02:00SANGRANDO VERSOS Google Imagens<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p><img height="299" src="http://vmulher5.vila.to/interacao/4751029/mulher-da-vida-minha-irma-cora-coralina-104444-1.jpg" width="400" /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Meu desespero é o tempero que dá
gosto a minha esperança<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">E o exagero é companheiro roto na
desventurança<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Minh’alma nua pelas ruas busca
por bonança<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Num corpo louco templo dessa
desmedida dor<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">E na penumbra opaca de cada olhar
apagado<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Me reconheço ao avesso do que sonho
ser<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Matérias mortas animadas em
corpos sem vida<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Meros banquetes do meu eu
carnívoro devorador<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Que segue a esmo sempre a perecer<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A conta gotas a cada gota de gozo
a verter sofrida<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Corpos talhados na madeira carne<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">São só mulheres na vida de
escárnio<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Que a moral refuta para a
marginália<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">E tradição condena para
escondê-las<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Mas aos meus olhos como aos
demais<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">É tão fugaz seduz é tão bom
vê-las<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Deseja-las, possuí-las doce
proibido<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Escravizadas por seus sonhos
loucos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Por suas ânsias e nossa libido<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">São condenadas por que são
espelhos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A refletir nossas contradições<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Desafiando a débil moral e
contestando rudes tradições<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Damas da vidas as mais diversas
vidas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Insuflam vidas em tão pobres vidas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Que de tão pobres mas que elas
são<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Madeira carne nessa travessia<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Imaculadas no seu exercício de
sempre servir<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A si a ti a mim entre lágrimas e
o desejo de sorrir<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 15px; line-height: 17px; text-align: start;"><span style="font-family: inherit;">E ao sabê-las sei bem mais de mim.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-51745383331496785802013-10-19T23:01:00.007-03:002013-10-19T23:01:36.057-03:00POR ENTRE SONHOS PEDRAS E POESIA<div style="text-align: left;">
Google Imagens</div>
<div style="text-align: left;">
<img height="267" src="https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTC2Y4zGy20W5hoYQyGwYJUPAkpGBGzkmuOtN1hapB0aICldwgYKA" width="400" /></div>
<br />
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; margin-bottom: 2.25pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; margin-bottom: 2.25pt; text-align: center;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: center;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">CAPÍTULO I<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: center;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Matérias para fazer Sonhos.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Gemidos... suaves e intensos, duradouros na brevidade de seus segundos. Efêmeros e débeis na eternidade de sua brevidade... Revezavam-se entre si, num bailado ansioso que lembrava o ecoar das abas da gaivota enevoada na vazante do Capetinga. Não em qualquer vazante, mas naquela onde este Rio Capetinga recebe aquele Rio Roncador, num profuso encontro de generosidade e entrega. Aí, o Roncador que em seu curso vai banhando terras, morros e chácaras, matando sede, gerando vida, ofertando piabinhas e lambaris, entronca-se na mata densa de borda ciliar na altura da Carestia, em terras de Vô Pulú, Apolinário, na verdade e se faz um gerando doravante um caudaloso Rio Capetinga.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Vô Pulú é filho destes polacos goianos que descendem do polonês Szervinsk, que ali é lenda, é fábula, é gente... é mito. Não qualquer mito, mito vivo, mito fundador, mito de gênese e de escatologia, de eternidade na efemeridade da descendência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Mas olha, esse mito é coisa enganosa e encantante, está lá, mas não se pode vê-lo, e quando se vê, é bem pouco, oculto, diluído.... Na pele? Não! Na pele bem, pouco. Nos zóios vez ou outra, num colorido aclareado em tom esverdeado ou de matiz azul. No cabelo de quando em vez, quando em pálido melaninar, se dá um aloreamento pueril que poucas vezes dura até a idade adulta...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Nas práticas? Hiii... aí é que num vige mesmo! Pois a prática é sertaneja, misturada de paulista, mineiro e baianos. Feito receita de bruxaria. Tudo jogado no mesmo escaldante caldeirão do Sertão, onde a bruxa e mãe da receita é a própria natureza e o pai zeloso, o bruxo pai Cerrado. Eles gestam essa descendência, nas além do nome e do mito na mente, além do já dito, não resta nada. Senão fascínio, encanto, poesia e curiosidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Mas bem, falava eu antes de pegar o atalho, da semelhança entre aqueles gemidos e o bater das asas da garça branca, visitante temporona daquela várzea de entre rios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Aqueles gemidos, não eram de dor, não eram de angústia, não eram de prazer... Eram uma mistura de tudo isso, ritmado, num frenesi intenso que de quando em vez, estancava-se numa estática transitória para depois, em seguida continuar sua ritmância... Que era aquilo? Insistentemente eu me perguntava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Ora, nem mesmo sei se fora realidade, ou devaneio, alucinação. Quiçá, ousar dizer o que era. Não mesmo. Mas o fato é que na angústia de saber, de apreender, de entender, de saciar a emoção que se amalgamava em meu peito, com uma infinitude de outras sensações, das quais me lembro: do medo, da euforia, da frustração ante a ignorância, entre outros. Esforcei me em me concentrar e entender o que se dava ali.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Quanto mais concentrado eu me encontrava mais interessante se tornava a cena. Os gemidos me pareceu, pois não posso afirmar que o era, pois quem pode dizer o que são as coisas para além de nossa pobre e limitada, momentânea percepção? O caso é que ainda que assim, nessa pobreza e limitação própria de nossas percepções eu descortinei no enevoado, úmido e perene da cena um espectro em tons diversos de cinza e preto, multiforme em seu aspecto, ora humano, ora fumacento, nevoado, ora borrado como um desenho de formas alongadas e desarmônicas. Era um escravo sem face. Foi com isso que aquilo tudo me pareceu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Aquele espectro estranho estava acorrentado em uma fina e reluzente corrente de ouro, ouro tão puro que reluzia na escuridão daquele mundo. A corrente estava atada ás pernas naquele. Quando ele tinha aspecto de solidez, também ela era desse aspecto, mas quando ele tinha aspecto diluído em névoa, está também assim se tornava. Parecia mesmo uma extensão daquele. Mas feita de ouro, de puro e reluzente ouro. Bem, se é que era ouro, mas no aspecto, no brilho e na beleza levou-me a deduzir que de fato era ouro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Aquelas correntes saiam uma de cada perna, fininhas, mas imponentes o suficiente para serem vistas e tornarem-se inesquecíveis, impossíveis de não se notar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Elas estendiam-se por todo aquele universo da cena, em uma infinidade de tamanho. Um tamanho indimensionável, imensurável de onde eu me encontrava a olhar. Parecia um filete de luz a borrar aquela imensidão penumbrada que era aquele universo imenso. Distribuía-se por toda essa imensidão e vinha ancorar-se no seu ponto final, ou inicial quem saberá dizer? O certo, é que conforme eu via, elas saíam, uma de cada perna daquele espectro estranho e vinham se ligar, após todo o imensurável percurso, em minhas retinas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Ao perceber isso uma angústia tomou-me, era eu a fonte geradora daquelas correntes que aprisionavam aquele espectro? Era eu o gerador de tudo ali? Da Cena? Do universo? Das Correntes? Do Espectro? Em fim de todo aquele mundo que ali eu contemplava ignorantemente? Será? Questiona-me. Será que jorram dos meus olhos todas estas coisas? Estará o meu cérebro a projetar pelos meus olhos tudo isso? Todo esse imensurável, complexo e diverso universo que vejo sinto imagino e ouço, toco, cheiro degusto, amo e odeio, será?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Ou será ainda mais complicado... Será que não sou eu que sou gerado por esse universo, por aquele espectro? Não seria eu que principiei desse mundo e a ele estou conectado pelas correntes... A dúvida me assaltara... Quem é quem, nesse cenário... Ou será que há alguma razão de ser nisso tudo, terá alguma matiz de realidade nisso tudo??? Tantas questões me cegam, atormentam alucinam... Recito poesia para encontrar-me... penso no poeta que trata da poesia e arquitetura e da Matéria de poesia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Volto a cena e continuo a sugá-la, no afã de descortinar aquele mundo e então entende-lo. E noto que aquele espectro recolhe coisas em uma carriola imaterial, por toda uma imensidão de mundo que se perde no longínquo horizonte, para os quatro pontos cardeais. E ainda assusto-me com essa visão quatridimensional, essa visão total, como é possível, não sei, mas vejo em todas as direções, a leste, a oeste, a norte e a sul e para onde quer que olhe vejo as quadro dimensões simultaneamente e seus horizontes escuros infinitamente a dilatar - se e lá, a mancha brilhante daquela fina corrente de luz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Percebo que, assim como a poesia que eu recitava, poesia linda nascida dos Barros, dos Barros amassados pela essência vital de um certo Manuel, também aquilo ali tinha algo de arquitetura e embora tudo exalasse poesia e uma magia meio gótica, a arquitetura ali versava sobre sonho. Sim, era a cena conforme eu entendi, um discurso sobre sonho e aquele espectro recolhia, matéria de sonho. Matéria da qual se faziam os sonhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Todas as coisas invalores ou cujos valores podem ser disputados, mensurados, ignorados foram ali recolhidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Os homens em sua diversidade, de cor, de origem, de odor, de sabor, de prática, de posses ou despossuídos foram ali recolhidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Terrenos etéreos, materiais, imateriais, sabidos, insabidos com tudo que neles estão ou não estão, contidos ou incontidos foram ali recolhidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">As emoções, os desejos, os medo e os segredos, os crimes, os pecados, as virtudes, as loucuras, o sangue, o suor e a lágrima, os prazeres: nobilizados ou amaldiçoados, os anjos: elevados, medianos ou decaídos, os demônios, os amigos e inimigos, a limpeza e a sujeira, a riqueza e a pobreza, tudo, tudo tudo... Tudo era ali recolhido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Nossa vã filosofia, todo lixo e todo o luxo, ciência mater e filhas, tudo quanto vai sendo encontrado pelo espectro acorrentado, na carriola e levado e na pira invisível, no centro daquele mundo continuamente é depositado... E dessa matéria toda, em toda a sua extensão e diversidade, é que se fazem, e que nascem, é que jorram os sonhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Os gemidos eram a trilha sonora desse mundo, desse universo... E neles havia canção e choro, impacto e atrito, silêncio e sonoridade, amor, paixão e sexo, violência, paz e poesia, morbidez, aflição e candura, docilidade e suavidade, fúria e calmaria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">E tudo arranjado numa só nota que se remete continuamente numa eterna execução... Que semelhança pode haver entre esse gemido e o bater de asas da gaivota? Por que gaivota e asas trazem graça à rima disrítmica de meu verso torpe? ... Nem verso, nem reverso, nem anverso, nem universo, nem graça, nem gaivota, nem fúria, nem calma, nem som, nem tom, nem tua, nem minha, nem alma, nem carne, escárnio, nem nada... Só tudo... Matéria para se fazer sonho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">A angústia de se ver negado, constituído, destituído, confundido, dividido, questionado, questionando, é o preço de sonhar, por isso as pedras não sonham e se sonhar já não são pedras e quiçá tenham sido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Já vistes as pedras a reclamar? Já vistes as pedras a sofrer, a chorar, a mudar-se? Não! E nem as verás... Elas são simplesmente pedras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Mas, nós não! Quando nossa pedra carne se abre ao sonho, se abre em sonho, e se descobre sonho e, se abre em amor, ao amor, em desejo, ao desejo, em paixão à paixão, então ele se faz rosa e floresce no peito e, aí é tarde, já não há outro jeito, é amor na veia... com dores e prazeres.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">É o sonhar a reinar, a jorrar mais sonhos. É o caos medonho no anônimo peito que só tu o sabe e, que por mais que se abra, que se doe, que se fale, que se grite, que se cale, é sempre pouco, é grito rouco, afônico no surdo eu de nós, dois, três a mais, infinito...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Grito de mim em ti, de ti em mim, a ser, sem ser, sem certezas, sem unidade, sem verdade... Só pedra viva, carne, a se desgastar e morrer a buscar-se. É pó, é pedra, é coração, é desejo... Sonho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: center;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">CAPÍTULO II<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: center;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">De Matéria de Sonho à Realidade Incerta<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Penso que o sonho é só sonho, sem implicações na vida prática, cotidiana, na realidade, se bem que essa tal realidade é muito complexa. Tão debatida e tão indefinida, incompreendida, tão irreal... Ao menos para mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Sou muito sonhante, sonhador... Sonho acordado, dormindo, sonho... Sonho tanto, que as vezes me confundo. Não sei se estou dormindo quando estou sonhando, ou sonhando quando estou dormindo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">E assim, sonho que estou num sonho, sonhando lindos sonhos. Sonhos de amor, sonhos de desejos, sonhos de sexo, de céu, de infernos abertos em línguas de fogo, em corpos e rostos... Sonho... Metasonhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">De tantos sonhos que sonhei, tem uns que foram tão reais que me arrependo de ter acordado ou de ter dormido, haja vista que talvez a vida que chamo de realidade, seja na verdade sonho...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Alguns de tão intensos, tão SONHO em caixa alta, não puderam ser esquecidos, nem depois de acordar. De tão sonho, se fez continuo, recorrente a se dar... Sonho que se sonha sempre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Este se faz companheiro, caminhante, presente e vez ou outra sempre volta. Assim sempre sonho esse sonho meu...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Há quem, freudianamente usa a mente, se mentem ou não, caso não vem ao. Caso que seja só aqui este ponto, argumento, a encher e suster o verbo dessa prosa verso sem nexo. Mas o fato é que pensam, dizem consideram que, o sonho tem um significado. O significado da realização de desejos, embora seu significado seja implícito, oculto e carece de labor para ser interpretado, entendido, arrazoado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Desde quando o ser humano ainda se locomovia pelos cipós selva a fora, no belo paraíso edênico, já se tem notícias dos sonhos a preencher-lhe a mente, as noites, os dias, o consciente e o inconsciente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Quando ainda símio, a distância atrapalha a viajar até lá e arriscar um comentário. Mas de uma dezena de milênios até hoje, muito se tem de referência, de sonhos que foram sonhados. De sonhos que foram interpretados. De sonhos que forjaram histórias. De sonhos que soergueram e derrubaram homens e civilizações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Egípcios e judeus, sonhos meus e seus, herdados, copiados, narrados eternizados, nos mitos fundados e distribuídos de boca em boca, de ouvido a ouvido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">E falam que desse hábito tão incontido e contumaz, os sábios desnudam-te e sabem para além do sonho, sobre ti, quase que de tudo. Uma geral sorrateira, analítica e minuciosa, que te revela. Será? Mas onde estão tais sábios, que se ocultam em consultórios, jalecos, ecos, paredes redes e teias... será?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Dos sonhos, o filho José de Jacó se foi escravo.No Egito este escravo José, de sonhos se fez senhor. Faraós e serviçais revezando-se em cumplicidade, moldados pela a força do sonhar, metasonhos... Sonhos que sonham, que falam de sonhos, que falam de sonhantes e de realização de desejos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Assim, o desejo que não está preso na materialidade, Verdade? Quiçá tenha resposta essa simples questão. Mas não, não a tentarei responder seguirei deixando-a solta a você, que vem...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">O desejo, ao se dormir, sai do campo da matéria e adentra a imaterialidade. Assim, como a consciência aquieta e o inconsciente opera, e transmutado de um lugar a outro, o desejo se realiza, se consuma e no entanto permanece-se adormecido...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Ouvi o sabiá cantando tais verdades inverossímeis, a uma rolinha fogo- pagô, no galho de uma paineira. Pois esta sonhava em ser beija-flor, mas não qualquer beija-flor. Sonhava em ser um colibri, que cantasse como a cigarra, mas com a voz da gralha rouca. Canto que a encanta e lhe arrefece o fogo que lhe devora por dentro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Mas, se cá na humana vida, pretensa suprema mente, já se faz pouco eficaz, coerente, eficiente, explicações e interpretações de algo tão incontinente, como é o sonho da gente.Quanto mais dizer o quê, de sonhos de passarinhos, e conselhos freudianos de sabiás laranjeira?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"> Um certo pensador, de tanto que pensou existiu. E ao existir escreveu, se não isto, algo próximo disso, que se traduziu em máxima: “penso logo existo”. Se existo por que penso, eu não sei, já não insisto, mas na dúvida persisto e em reverso redigo em tom questionante o que já fora dito antes. Existo por que penso, ou penso por que existo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Sonhando estou pensando? Pensando estou sonhando? Como é o pensar no sonho e o sonho no pensar..? Tantos quês que vão gerando outros quês, sem nada responder. Mas que me levam a sonhar, pensar, pensar, sonhar... realizar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Mas, para outro sábio grande, que se soube saber sonhar, junguiano sentidos e teses para dos sonhos tergiversar, eu soube pelo diálogo de um tatu e um tamanduá. Bichos estranhos e sonhantes, que sonhavam em ser formigas, pra se auto devorarem e nesse percurso entenderem o que se passa na hora de seu manjar. Pois comer, sem entender, sem sonhar é tão simplório que até homens o fazem, dia-a-dia sem notar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Assim, criativamente dizia a outro o um. Nossos sonhos são mensagens de uma tal psiquê, que a julgar pela sonoridade deve ser horrível de se comer. Nem de longe lembra a saúva, formiga, venha ... uva, vinho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Os sonhos assim pensados revelam detalhes que de nós mesmos podemos ignorar e assim, julga que podemos de algum modo nos melhorar... Sonha o tatu e o tamanduá.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Para estes o sonho não é simples satisfazer de desejos reprimidos, é a vida em seu sentido sem sentido, ressentido. Os sonhos nos abririam as portas da perenidade e tudo que foi antes, viria a tona. Tudo, todas, desde o princípio de tudo, seja onde tenha sido e há quanto tempo tenha se dado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Mas não sou freudiano, não sou junguiano, não sou passarinhano nem tatutamanduano, nem sou nada que saiba ser... Se os ouvi de fato e como os ouvi, nem sei, nem me lembro, nem posso dizer que entendo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">São loucos, todos eles, freuds, jungs e todos os seus seguidores, passarinhos tatus tamanduás... Quiçá não o seja também eu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Mas em meio a prosa e verso, fábulas e psicanálises, restam me meu ais e quês... restam me sonhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: center;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">CAPÍTULO III<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: center;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Um Sonho Recorrente<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Olha, olho, alma, janela, imagem, reflexo... Mero verso desconexo, de introspecto introdutório. Fixo-o no frontispício deste, como capricho mimoso, do mimado ser sonhante que por ora aqui eu sou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"> Na impossibilidade que o caso aqui impõe, que é o de me definir, ainda que numa frase. Já que conforme verás, tudo aqui é relativizado, combatido, questionado e, nada é consumado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Então, num caso desses, desço. Desço da ideia de definir-me e apresento-me, conforme posso, nesses caminhos malucos, que com as palavras faço, por entre sonhos, pedras e poesia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Mas, para um bom caminhar entre mim e ti, nesse sonhar acordado, fica entre nós acordado, um acordo celebrado por amigos, que se encontram e, sem se conhecerem, se amam, se locupletam e se alegram... Se topares o acordo proposto, sem acordar do meu sonho, ou teu? Mesmo podendo acordado estarmos! Se aceitares, aceito que sou você e você aceita que sejas eu...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: small;"><span style="line-height: 24px;">Assim, vou eu em ti e vens tu em mim e, já não </span></span><span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">haverá</span></span><span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: small;"><span style="line-height: 24px;"> cismas, fissuras rupturas que não as minhas e as tuas, unidas na mesma loucura, que nos leva pela vida...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Se concordares, prossiga, continue lendo! Senão, diga adeus, feche o texto e jogue o fora... Afinal esse texto fala da ânsia de amigos que se buscam e se sonham. Pois bem...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Tudo se inicia quando deito-me e durmo! Será? Ou seria quando deito-me e acordo? Se a vida é sonho, que dizer disso..? Mas seja como for, sonho que estou caminhando... Caminhando em São João d’Aliança.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">São João d’Aliança é do tamanho de um grão de areia, em face do globo. É um grão de areia na vastidão da praia, mas para mim é o mundo inteiro, o céu e o inferno, o éden e o Hades, num palmo de chão goiano no reino do rei Cerrado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: small;"><span style="line-height: 24px;">Ali há tanto, mais tanto, que chega a doer... Ali eu sou só eu, longe dali, eu nada sou. Ali é que me reconheço, me faço, me desfaço, me refaço, me embaraço e desembaraço e sempre me reencontro, num sorriso, no abrigo do amigo e do inimigo, no abraço e no descompasso, no manquejar do passo, no acelerar do compasso, na pedra, no chão, na relva, na noite, no luar, no coice do gado e gente do </span></span><span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">equídeo</span></span><span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: small;"><span style="line-height: 24px;"> e do cão da arma, no cuitelo e corte, no coito e no gozo, na vida e na morte, no labor e no vadiar, no dormir e no acordar, no sonhar, no realizar, no frustrar, no perseverar sem razão, </span></span>simplesmente<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: small;"><span style="line-height: 24px;"> obedecendo o sonho, que me vez amor na pedra carne do peito, a que chamam coração.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Cada vez que parto, é um parto, de partir em saída, em jorrar e nascer de versos e prosas e poesias...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Cada vez que volto é um sonho realizado, alívio, refrigério de filho retornado, mesmo sem saber ao certo, se sonhando ou acordado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">O dia é de sol claro, intenso, belo e vivaz, como os dias ensolarados da Chapada dos Veadeiros. A luz, as cores, a beleza e os contrastes são de uma perfeição, que só mesmo sendo sonho. Até as coisas ruins, os defeitos, as dores, os males, são de perfeição indefectível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">É mais ou menos assim, ao que me lembre... Sou como alguém que chega de longe e volta pra casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Quando chego sinto as alegrias e emoções de um filho que chega em casa, aprecio os detalhes, a luz, as cores e me realizo em tudo. Contudo, uma saudade punge no peito, o desejo de reencontrar um amigo do tempo da puerilidade, um amigo de sonhos e peripécias de infância. E nada me satisfará plenamente, até que nos envolvamos num mesmo abraço, até que nos olhemos olho a olho e manifestemos, a já sabida e tantas vezes confessa, saudade, que se aglutinara no peito, pelas horas distantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Estático aprecio a tudo, como criança afoita que quer tudo de uma só vez. Como, se o ordenar das emoções as fossem empobrecer, diminuir, reduzir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Contemplo instantaneamente a tudo na voracidade incontida do breve segundo do chegar e nesse efêmero e eterno segundo reconheço cada pedacinho de tudo por ali. E me reconheço em cada pedacinho, como se me olhasse num espelho. No entanto, ao poucos vou percebendo coisas diferentes.Verifico que São João, mais do que nunca, é um mundo inteiro contido em suas dimensões locais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Com as habilidades do espectro do universo dos sonhos, vejo São João em todas as direções e vejo quão crescida e exuberante, misteriosa e encantante se fez essa cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Olhando-a vejo que a nordeste, a cidade cresceu e vai até o Vale do Paranã, onde entre a faixa de terras compreendidas entre a base da Serra Geral do Paranã e o estender-se da Chapada há um bairro. Esse bairro tem peculiaridade chocantes, marcantes, que não se deixam passar despercebidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"> É um bairro de estrema pobreza e miséria, de grande marginália e banditismo, sujeira e fome. É uma espécie de mangue, um embrejado, um terreno alagadiço repleto de morbidez e lascívia, luxúria e escândalos, de homens de sujeiras físicas e morais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Num fragmento de centésimo de segundo estou nesse bairro, onde faço tais observações constatando e questionando meio estupefato, como se pode viver em tais condições?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">E vou a esse bairro por que chego afoito, chicoteado pela chibata implacável da saudade. Saudade de um amigo de infância, meu querido amigo Rogério. E ao chegar já sei que ele é habitante desse lugar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Vou com naturalidade a esse lugar tão feio e inóspito. Lá eu o vejo morando num caluje muito pobre e sujo. Caluje nefasto e horripilante, que reproduz com perfeição todo o resto do bairro. Pois como tudo em volta e, ele um apenas um traço a mais nessa monovisão. Como um pé de soja na imensidão da lavoura verdejante, de aspecto monovisual, onde tudo é igual e todos os pés de soja, são só soja.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Rogério ali estava, assim, exatamente assim. Só reconheço sua habitação, por vê-lo ali, e eu jamais o confundiria, ele é meu amigo. Ele está enlameado de lama preta e fétida até a altura dos joelhos, pois, não tem asfalto ou qualquer tipo de calçamento ou pavimentação naquele bairro, nem tampouco há piso nas residências. Mas mesmo assim o reconheço e ele me reconhece. As casas são de chão batido e com o constante inundar das águas mortas que veem da direção do nascente, como se jorrassem do pé da serra, tudo se transforma num mórbido lamaçal, que deixa a todos os moradores com lama a altura dos joelhos e aspectos de mortos vivos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Assim eu o encontro. E ao encontrá-lo nesta situação eu sofro e choro pela sua situação, ele sorri, me vê, me saúda com um aceno, mas repentinamente eu não estou mais lá naquele bairro eu sou transportado a outro lugar e o deixo lá. Angustia-me essa separação inusitada e repentina, atormenta me o desejo de retirá-lo dali, de traze-lo para junto de mim, de velo, limpo, cheiroso, saudável, livre de tão abominável habitação, de tão inóspito ambiente, de tão mórbido viver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">O prisma muda e neste novo panorama eu estou voltando para o centro, onde fica a minha casa. Enquanto caminho reflito e observo meu interior, e ali me descubro, num misturado de angústia e alegria. Encontrei meu amigo e isso é benfazejo, mas assim, em tão inaceitável situação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Ao longo da caminhada de voltar para o centro da cidade, observo que para ir ao bairro fui num ínfimo fragmento de tempo, mas para voltar eu faço o caminho a pé, numa procissão de reflexão e auto observação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Assim vou caminhando atento, observo que não estou de calça e camisa conforme chegara ali e, conforme fui ao bairro. Agora estou de camiseta, bermuda jeans e meias brancas com tênis do tipo usado para jogar futebol de salão. Irrelevante observação adiciono a mim mesmo, ali no ato do observar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: small;"><span style="line-height: 24px;">Olho mais amplamente e percebo que São João é esse mundo. A cidade está enorme, cresceu, se desenvolveu, e no sopé da Serra Geral do Paranã lá embaixo no Vale, o dia é claro, de céu limpo e iluminado, as cores do dia são de uma beleza bestificante. Como aqueles que tantas vezes vi descendo a Serra, antes do sol nascer e contemplar a primeiras horas do dia em plena descida da Serra, onde a beleza enche os olhos sufoca a alma e emociona o observador. O calor intenso permeia o pulmão em rajadas de ar quente e cauteriza os </span></span><span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">ânimos</span></span><span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: small;"><span style="line-height: 24px;">, como se nos cozesse em uma grande panela de pressão.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"> Para além, as barragens do Projeto de Irrigação Flores de Goiás faz do chão um grande espelho a refletir a imensidão celeste em sua multitonância, completando a beleza que até confunde. Não se sabe ao certo se, se está no céu, ou no chão e tampouco o que é imagem e o que é reflexo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Lá em baixo ao pé da grande e bela Serra Geral do Paranã passa a linha férrea que leva a rica produção de toda a região. Vejo os trilhos, o trem que passa carregado nesse momento, apitando e acentuando a solidão, já não tão silvícola daqueles gerais de outrora bravio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Mais uma vês me espanto, me surpreendo com tanta mudança. E nesse momento percebo o quanto estou longe de casa. Mais uma vez confirmo minhas impressões, observando o quão enorme está essa cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Sigo caminhando pelas colinas que se revessam no tamanho e na altura compondo a Serra Geral do Paranã. Vivo intensamente tudo isso e experimento uma espécie de distanciamento de mim mesmo, uma tal alteridade. Ali sou outro, eu mesmo olhando me a distância, e assim vejo-me na terceira pessoa, como um outro em tela, a subir as estradas da montanha voltando para casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Ao voltar a caminhada é imensurável, longa, demorada, como a vida. Breve, mas imprecisa. Sigo em frente. Sem domínio de nada, quando descubro, percebo, que o caminho de volta que eu fazia não era o que eu imagina fazer. Esse caminho que estava fazendo não era o traçado em minha mente, ele não me leva para o centro sul da cidade onde moro, mas conduz à região norte da cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Reconheço onde estou, é nas imediações do Córrego Estrema, o primeiro Córrego que se cruza quando de está indo em direção a Alto Paraíso de Goiás. Outra vez me surpreendo e me espanto com a minha cidade que se mostra mais uma vez uma cidade que crescera além do que eu imaginava. Nas minhas lembranças, na memória tudo ali era campos e zona rural, no entanto agora vejo que tudo ali é cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Um belo e imponente bairro nobre, de mansões faraônicas e cinematográficas, alguns comércios imponentes e muitos conhecidos esbanjando riquezas, luxo e prosperidade. Tudo é tão grande. As casas, as lojas, o glamour.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">De repente à esquerda desse lugar, após falar com alguns conhecidos de modo breve e transitório, já não estou mais nesse bairro, estou à poente, onde há um pequeno conjunto de casas simples, com a cara da minha infância.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"> Por ali há inúmeras pessoas conhecidas, parentes, amigos e tudo é extremamente aprazível. Mas isso, essa imagem, essas pessoas, essas casas, são tão somente o rol de entrada de um bairro gigante que se entende à poente, constituindo-se num labirinto de casas e ruas belas, que somem de vista fatigando o olhar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Tento voltar para casa, mas estou sempre saindo e entrando em um espaço novo de uma São João d’Aliança indefectivelmente enorme surpreendente. E assim, desse lugar onde tem tanto de meu eu menino, sou transportado ao centro-oeste da cidade, onde há um lugar que nunca houve, e do qual muito parcimoniosamente se reconhece a geografia longínqua da adjacência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Trata-se de um local de trevas e sombras, um lugar marcado pela transcendência e espiritualidade. Ali é um lugar de demônios e espíritos, de trevas e ritos ligado ao divino, ao sagrado. Sinto energias ruins e desagradáveis, mas tenho a impressão de que preciso entrar ali para de algum modo ajudar meu amigo de infância, meu amigo Rogério.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Nesse bairro transcendental há um enorme edifício cinza em estilo medieval, sem janelas. Há só o espaço onde deviam ter janelas, só o lugar da janela, mas no entanto não há janelas e há escadarias internas e um elevador.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Ante esse cenário, há alguma reserva em mim, o que não chega a ser medo. Há também expectativa e desejo. Uma inquebrantável vontade de entrar ali e fazer o que for preciso, para ver meu amigo em outra situação, livre e renovado em tudo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Entro, mas não entro com vontade e vigor, entro com reserva e cautela, antes de entrar, observo em volta e vejo aquele Vale cinza, uma névoa nefasta que envolve as imediações daquele lugar. Embora para além do horizonte próximo, se veja as luzes do dia a irradiar beleza e vida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Entro, mas não avanço no interior do prédio, vejo alguns compartimentos, adentro mais e vejo anjos de trevas e demônios, sacrifícios de sangue e de dor e me arrepio. Repugno aquela situação e tudo se perde...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">No decurso do sonho, entre seu fim, o fim do sono e o acordar, o despertar, tudo se prolonga, se confunde, se dissipa e se perde, para depois se refazer nesse mundo que comumente chamamos de real. Mundo da consciência e da razão, onde normalmente acreditamos que estamos acordados e lúcidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"> Normalmente acordo angustiado sem salvar meu amigo e bestificado com uma São João diferente e no entanto igual em muitos aspectos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Uma cidade onde passado e presente, modernidade e tradição se somam e se combatem. Se desfiguram e refiguram o ambiente conservando um pouco e desfigurando um pouco ao passo que evoca e impõem o novo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"> Assim percebo duradouro o desejo de ver São João ser um pouco do que se mostrou a mim nessa procissão multi facetada, que é sonho, mas que pode não ser, que é realidade, sem o ser.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Isso se passa numa realidade onírica. Nesse sonho o que vejo é como se fossem zonas intersectívas de várias dimensões que constituem São João d'Aliança... Onde zonas intersectívas se comunicam e interagem entre si, possibilitando várias realidades de São João, inclusive a onírica, o que a faz perceptível e experimentável, somente durante o sono. Caindo na loucura da imaterialidade quando sentida e vivenciada a luz desse dito munda da realidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: small;"><span style="line-height: 24px;">O que mais faz deste, um acontecimento interessante é a sua recorrência. Esse sonho se faz sonhar todo ano, entre duas ou três vezes por ano e por cerca de doze ou treze anos que ele se </span></span><span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">impõe</span></span><span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: small;"><span style="line-height: 24px;"> insistentemente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">A recorrência com que ele se dá, já implica reflexos no próprio sonho. Em algumas vezes já aconteceu de eu identificar o que se passa e repetir a mim mesmo, que estou tendo aquele sonho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Digo-me, ah! É aquele sonho! Não é um sonho, é aquele sonho, sonho conhecido, emoções sabidas, trajetos e enredos conhecidos, por isso digo-me: ah, é aquele sonho esquisito que vivo sonhando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Assim, a maior parte dele dali em diante já é conhecido. Contudo, acontece de mudar alguns aspectos a cada vez que sonho. Por exemplo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">As vezes pego o caminho das montanhas e começo a andar de volta para minha casa e de repente eu começo a voar. Voo e me espanto, me emociono, me sensibilizo e derreto ao me ver e perceber voando... Que sensação deliciosa, poética, incrível!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Repentinamente perco a capacidade de voar e sentindo a ânsia e o tormento de quem está nas alturas e vai caindo a custo consigo reter a força gravitacional e voltar ao chão sem cair tragicamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Assim, atordoado, continuo a andar e então saio em pontos distintos da cidade de sonho para sonho. Já sai no bairro das mansões, já sai no bairro de minha infância, já sai no lado leste à nascente da cidade, no calçadão que cerca o bairro transcendental. O prédio nefasto do Vale cinza é tão alto que alcança o céu e vai se afunilando ao passo que fica alto, sumindo na imensidão celeste. A cada vez que se repete muda algum detalhe, conservando-se em grande parte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">No mais é sempre a mesma coisa. Eu durmo e começo a sonhar e sonhando vivo. Se a vida é sonho para que acordar? O que é a imagem e o que é o reflexo? Quando dormimos e quando acordamos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Não há respostas que saciem tais questionamentos. Os sonhos vão e vêm. Nem Freud, nem Jung, nem os pássaros, nem os bichos, nem eu, nenhum de nós conseguimos dizer algo que seja capaz de satisfazer a ânsia interior, que se nutre de sonho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">E se nessa lida diária quando acordado ou sonhando, sou um saco de tripas a se gastar vida a fora, nesse cenário paradisíaco que é minha terra Chapadeira, não me resta outra lide, que sacie mais meu coração inquieto, do que o flerte com as palavras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Com elas me deito e me levanto, me deixo, me caso e me amasio, me entrego, me prostituo, me redimo, me perco e me reencontro. Com elas me faço, me desfaço. Com elas domino o indomável, explico o inexplicável, profano o sagrado, sacralizo o profano, crio o incriável e encerro o eterno.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Com ela sou deus de barro, barro de terno, no inferno eterno, do materno seio de mim, que minha mãe gestou em si, por si, por mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Com as palavras manipulo como oleiro ao barro, os sonhos que minha alma sonha, quer dormindo ou acordada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Com as palavras me entendo, ainda que não as entenda. Com elas sinto seu poder, ainda que não tenham nenhum ... Com elas faço versos, com elas faço-me poeta, com elas faço-me poesia, esse sonho que nos sacia, ainda que efemeramente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Procuro pelas palavras, nas palavras, sentido para os sonhos que tenho, os sonhos únicos e o sonho recorrente, mas por mais que se multipliquem as palavras, por mais que os versos jorrem, tudo é incerto.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Não há desejos saciados, nem arquétipos revelados, não há voos alçados, nem gozos gozados. Porque o sonho insiste, resiste, persiste e assim, o sonhante desiste de ser senhor de seus sonhos. E para não partir de mãos vazias se abraça à poesia e se lança na vida, de alma nua e ferida, pelas adagas dos sonhos.</span></div>
Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-41127627102523155872013-10-15T15:41:00.001-03:002013-10-15T15:42:50.660-03:00<div style="text-align: center;">
<img height="212" src="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR3D4Tf5M1fiZcl62FW72BJoadjLexpah1d_n11oWetnojGZA0R" width="320" /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
CANÇÃO PARA UMA FLOR</div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
A lua banhava-a e excitava ainda mais as curvas e cores daquele corpo matizado de melanina </div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
que desnudo exbanjava sensualidade e erotismo... </div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
A volúpia reinava inebriante </div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
E ante ao fascínio de tanta beleza no corpo de um flor... </div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
A amei intensa e profusamente num extase de conteplação... </div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
Quanto encanto! </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSYnIsUHPTIv09bYsvXt37XBE_SryJpCbVm0lBpGrRMgZtZ_aShyw" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><br /></a></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
Quanta magnitude em tão frágil ser... </div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
Tão frágil e tão poderosa, <a href="https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSYnIsUHPTIv09bYsvXt37XBE_SryJpCbVm0lBpGrRMgZtZ_aShyw" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="182" src="https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSYnIsUHPTIv09bYsvXt37XBE_SryJpCbVm0lBpGrRMgZtZ_aShyw" width="200" /></a></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
Tão inresistível, tão bestificante.</div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
Assim, o balé frenético dos corpos </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
a se conjugarem na lascívia do coito fora dispensado </div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
e substituido pela extasiada contemplação do belo exposto </div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
no corpo negro de imensuravel beleza exibido em nudez total! </div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
Oh flores!!!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Que de mim não sai...</div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
Nem a visão, nem o aroma, nem as lembranças.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-28537382951267023412013-10-14T18:03:00.000-03:002013-10-14T20:04:50.919-03:00CaçadoraGoogle Imagens<br />
<img src="http://static.fanfiction.com.br/userfiles/1/2/5/B/capa_124643_1370135277.jpg" /><br />
<br />
Tão leve<br />
Tão linda<br />
Esvoaçante na vida<br />
Com a leveza da brisa arredia a soprar<br />
Se atreve<br />
Se blinda<br />
De audácia e volúpia a se dar<br />
Com a fome voraz contumaz a reinar...<br />
<br />
Tão leve<br />
Tão linda<br />
Se rende saciada desnuda a delirar<br />
De amores<br />
De odores<br />
De cores diversas que se dispersam no ar<br />
É feita uma pétala<br />
Que se dispersa e fenece no amar...<br />
<br />
Tão úmida<br />
Molhada<br />
Banhada nas águas do amor a jorrar<br />
Caçadora<br />
Sedutora<br />
Se oculta na pele de ingênua a sonhar...<br />
<br />
Tão voraz<br />
Tão capaz<br />
É mordaz, pois não há quem possa a rejeitar<br />
Resistir...<br />
<br />
E assim<br />
Caçador se faz caça e se apraz em não caçar<br />
Sendo caçado...<br />
<br />
É requintado prato servido no orgásmico<br />
Instante do se dar receber...<br />
<br />
Mas depois que tudo foi<br />
Já se foi... Ela vai...<br />
Dedilhando magia e vestindo erotismo...<br />
<br />
Vem de novo se ocultar<br />
No semblante de menina, suave qual brisa a soprar...<br />
Júlia.Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-7133227530621643082013-01-24T22:03:00.003-02:002013-01-24T22:03:43.416-02:00Uns veros pra você...Olhos olhares e lábios<br />
Versos palavras e frases<br />
Jovens sonhares e sonhos<br />
Dias desejos lugares<br />
<br />
Tantos tormentos Tropeços<br />
Tantos desejos e planos<br />
Tantos amores no peito<br />
Meio sagrado e profano<br />
<br />
No áureo amarelo do loiro<br />
Que envolve eus fios capilares<br />
Encontram-se todos os mistérios<br />
E encaanto dos teus olhares<br />
<br />
Dei se me dei se medou<br />
Faço-me todo oferenda<br />
Bela como o sol nascente<br />
viver é lição vá e aprenda<br />
<br />
De branca têz e láureo capilar<br />
De lábios finos e cálido olhar<br />
Diz em silêncio o desejo que tens<br />
Deixando no ar encantos demais<br />
<br />
Doce e brejeira encanta imperativa<br />
De singelos gestos e marcantes traços<br />
Desperta a rima sutíl que abraço<br />
Dialogando em prosa poetisa<br />
<br />
Desde o primo olhar na primeira vez<br />
Desabrochavas poesia em fuidez<br />
Desatando o jorro do poeta<br />
<br />
Deyse dê-se tempo e veraz<br />
Definitivamente a paixão voraz<br />
diluida em poesia que tudo inquieta.<br />
<br />
<br />
Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7514967980187569611.post-77300382055923104142012-11-01T13:53:00.003-02:002012-12-17T21:31:07.586-02:00O Molequinho da Garrafa<br />
<br />
<br />
<br />
Era lá pras beiras de Mato Seco, sim naquelas beiradas é que se deu o caso que todo mundo conhece e sabe de cor. Não os mais moços, pois estes de nada sabem, estão ainda principiando sua caminhada e mesmo achando que sabem de tudo, muita coisas se lhes escapam, coisas muitas vezes não ditas e nem escritas, mas vivas e eternizadas nas memórias e que só saltam ao ouvidos de quem se propõe ouvir, nas horas de conversas e rememorar. Quando a caixa da memória se abre o as mãos do pensamento adentra o escuro da mente e faz sair as lembranças, refazendo uma infinidade de coisas que ninguém jamais viu ou imaginou, ou melhor que poucos viram, ouviram, sonharam, testemunharam e guardaram no silêncio profundo da memória, terra onde nada se perde e tudo permanece para sempre e que vem a luz do conhecimento coletivo cada vez que seus detentores se dispõem a lembrar e a narrar.<br />
<br />
Esse caso é mais um de tantos que ouvi nas rodas de prosas e causos da boca de Tio Filipe. Ele homem de oitenta e três anos de idade, vividos ao cabo da enxada na mais árdua e sofrida luta pela sobrevivência. Assim criou ele sua numerosa família e viveu até que a vida ceifou sua companheira e lhe deixou os dias mais repletos de saudade e solidão. Agora velho e aposentado, com saúde pouca e muita vontade de continuar a produzir, satisfaz sua impossibilidade de continuar a vida como sempre viveu, a refazer tudo que fez por meios das lembranças, rememorando e refazendo toda uma vida de luta, labor e alegria.<br />
<br />
Foi numa dessas ocasiões de boa prosa, café quente e biscoito caseiro, que vivenciei com ele essa lembrança, que para evitar qualquer ceticismo encontrou lugar nos feitos da família. Assim já não é mentira, estória de pescador, mas fato verídico acontecido com uma sua tia, minha tia avó, que só tomei conhecimento nesta ocasião, por meio de suas lembranças, que me proporcionaram uma aula de genealogia.<br />
<br />
O caso é que seu pai Simeão Teixeira da Silva, era filho de família grande, tinha um irmão Malaquias e três irmãs; Eva, Arvilina e Joana todos Teixeira da Silva. <br />
<br />
- Malaquias nunca casou, pois era danado para bater em mulher! Judiava demais de mulher meu padrinho Malaquias... Assim ele deu sequencia a narrativa, após alguns segundos de silêncio e de volver o rosto para a luz que o sol ofertava pela porta da sala. – Mas filho ele teve três com umas mulheres que ele arranjou.<br />
<br />
Falou a última conversa sobre Malaquias antes de passar a Arvilina.<br />
<br />
- Minha tia Arvilina era uma moça bonita pra daná! Ela casou com um senhor de nome Jacinto Costa, lá mesmo no Mato Seco e viveu por lá mesmo. Esse Jacinto Costa era um homem podre de rico! Ocasião que ele bebia cachaça e enchia o talo de pinga, vinha pela rua gritando minha tia. Arvilina, Arvilina, Arvilina... Todo mundo contava isso demais! Bom contavam assim né, assim vi os outros contar, por que eu mesmo num lembro de nada disso não. Eu num era desse tempo. Isso foi muito antes de mim pra eu lembrar.<br />
<br />
Mas o homem era bem de vida que era danado! <br />
<br />
Ele tinha um quarto na casa dele, o povo contava, que era um segredo danado que ele conservava com esse quarto. Naquele quarto quem labutava era só ele. Trazia o quarto sempre fechado na chave e ninguém entrava nem minha tia Arvilina.<br />
<br />
Uma ocasião ele deixou a porta aberta, moco, rarara e foi campear, por lá ficou o dia todo. Ele campeava o dia todo e num trazia um rês que era tudo braba! Mas nesse dia num sei o quê que foi que ele deixou a porta aberta e chegou um rapaz lá e foi malinar no quarto. Abriu a porta e o quarto era vazio, só tinha uma mesa no cento com uma garrafa em cima. Ele olhou aquilo e não entendeu nada. Por que Jacinto guardava tanto mistério com aquele quarto. Pegou a garrafa em cima da mesa e abriu, tirou a rolha, nisso salto um molequinho de dentro da garrafa (era um diabinho que Jacinto criava) o molequinho em cima da mesa perguntou: - e agora pra onde é que eu vou? O rapaz assustado disse: - pra dentro da garrafa! O diabinho pulou de volta, ele arrolhou a garrafa e saiu correndo. Ninguém nunca soube se meu tio Jacinto descobriu isso! Mas todo mundo ficou sabendo o que ele tinha dentro do quarto.<br />
<br />
O povo dizia muita coisa dele, que ele tinha parte com o demo, e que por isso era podre de rico, mas é coisa que o povo comenta!<br />
<br />Joaquim Teles de Faria (Kiko di Faria)http://www.blogger.com/profile/06890981755646374796noreply@blogger.com1